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Política

Bolsonaro abre agenda para parlamentares e liberará emendas

Bolsonaro resolveu fazer gestos até mesmo para a oposição, a quem já sinalizou que está disposto a conversar.

10 abr 2019 - 20h27
(atualizado às 20h57)
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Em mais um esforço para tentar aprovar a reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro avisou que vai reservar grande parte da sua agenda para receber parlamentares às terças, quartas e quintas-feiras, em seu gabinete, no Planalto, quando o Congresso está em pleno funcionamento.

Na busca de votos pela aprovação da reforma, o presidente já avisou também que quer apressar a liberação de pelo menos R$ 3 bilhões de emendas parlamentares individuais ainda neste semestre. Assim, ajudaria os prefeitos e os parlamentares, que têm reclamado na necessidade de recursos para tocar obras em suas bases.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
09/04/2019
 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília 09/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Esse gesto se juntará à decisão de Bolsonaro de ampliar o convite a parlamentares para acompanhá-lo em viagens pelo País afora. Além disso, continuará a abrir espaço para receber os presidentes dos partidos, iniciada na semana passada e intensificada esta semana.

Bolsonaro resolveu fazer gestos até mesmo para a oposição, a quem já sinalizou que está disposto a conversar. O objetivo tentar assegurar os 308 votos mínimos para aprovar o texto nas comissões e na Câmara, o mais rápido possível, para a matéria seguir para o Senado.

A negociação de cargos nos Estados também está em discussão. Nesta quinta-feira, 11, em outra iniciativa de boa vizinhança, Bolsonaro participará de um almoço no Rio de Janeiro, com chefes dos Poderes e o Conselho de Ministros Evangélicos, a convite do pastor Silas Malafaia.

Bolsonaro vai dar carona não só para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tofolli, como também para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, (DEM-AP). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está fora do País. Outros parlamentares também convidados para o almoço integrarão a comitiva. Alcolumbre vai também na sexta-feira ao Amapá, seu Estado, ao lado do presidente Bolsonaro e outros parlamentares amapaenses para a inauguração do aeroporto de Macapá.

Antes de embarcar para o Rio, o presidente comandará uma cerimônia, no Palácio do Planalto, de balanço dos cem primeiros dias de seu governo. A solenidade será às 8h30 da manhã e cerca de 400 pessoas foram convidadas para o evento. Bolsonaro havia convocado a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) para gravar um pronunciamento em cadeira de rádio e TV falando dos seus primeiros atos. Acabou, no entanto, desistindo da iniciativa, atropelado pela agenda que previa encontro com cinco partidos políticos PSL, Podemos, Novo, PSC e Avante.

Na terça, recebeu os presidentes do PR e Solidariedade. Na semana passada já havia recebido também PSDB, DEM e PSD. Seus auxiliares informaram que "não deu tempo" porque o presidente estava "concentrando todos os esforços" no atendimento aos parlamentares.

Ao assumir o governo, Bolsonaro tinha dito que só negociaria com bancadas e assim o fez nos primeiros momentos. Mas, agora, perto de completar os primeiros cem dias e diante de derrotas e duros embates no Congresso, rendeu-se aos presidentes dos partidos e a alguma das antigas metodologias, tentando dar uma nova roupagem a elas, evitando o toma lá dá cá. Mas, em busca dos 308 votos, Bolsonaro prometeu aos prefeitos e parlamentares que vai liberar emendas e deixar espaço na agenda.

Um dos responsáveis pela articulação no Planalto contabiliza que o presidente Bolsonaro tem "possíveis" 360 votos, o que seria uma margem bastante folgada para aprovar o texto na Câmara. A conta vem, por exemplo, da união de votos das bancadas ruralistas, que tem 260 parlamentares e da saúde, que tem 21, entre outras bancadas.

Mas na verdade políticos mais experientes sabem que a matemática não é tão exata quando se trata de votos no Congresso e por isso, esse enorme esforço do presidente para atrair deputados e senadores para a base, seja com distribuição de emendas, convites para viagens e atendimentos em audiências. Há disposição até mesmo de distribuição de cargos nos Estados.

Serão destinados entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões para atender aos pedidos de deputados governistas. A decisão de apressar a liberação de verbas de emendas, algo a partir de R$ 3 bilhões, é um pleito de deputados e senadores que querem ajudar os prefeitos de suas bases eleitorais nas eleições municipais do ano que vem.

A importância da liberação dos recursos logo é para que dê tempo de os prefeitos tocarem as obras e poderem inaugurá-las antes das eleições municipais de 2020. Essa liberação rápida também permitiria que os parlamentares aprovassem a reforma da Previdência no mais breve tempo possível. O governo quer o texto pronto ainda neste semestre.

Estadão
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