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Política

Bolsonaro afirma que Cid 'tem bom caráter' e 'não vai inventar nada' em delação, diz jornal

Segundo o ex-presidente, ele recebeu a notícia da delação com "tranquilidade" e não tem medo que Mauro Cid o comprometa

13 set 2023 - 10h08
(atualizado às 10h22)
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O tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, enquanto era ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro
O tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, enquanto era ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, é uma "pessoa decente", tem "bom caráter" e "não vai inventar nada" na delação premiada. O político ainda disse que tem afeto por Cid e pretende "abraçá-lo em breve". As alegações foram dadas em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. 

O acordo de delação premiada foi homologado no último fim de semana pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O início das negociações para a colaboração ocorreu no contexto das investigações em curso no inquérito que apura milícias digitais, que tramita no STF.

"O Cid é uma pessoa decente. É bom caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. Há uma intenção de nos ligar ao 8/1 de qualquer forma. E o Cid não tem o que falar no tocante a isso porque não existe ligação nossa com o 8/1. Eu me retraí [depois da derrota para Lula], fiquei no Palácio da Alvorada dois meses, fui poucas vezes na Presidência. Recebi poucas pessoas", afirmou Bolsonaro à coluna.

À Folha, o ex-presidente também afirmou que não teme que Cid o comprometa na delação. Segundo o político, o ex-ajudante de ordens "não participava de nada", "nunca estava presente nas conversas" com líderes internacionais e era "um cara para desenrolar os seus problemas, um 'supersecretário' de confiança". 

De acordo com o ex-presidente, dentre as funções de Cid estava o agendamento de horários dos encontros com chefes de Estado, ministros, comandantes das Forças, e outras autoridades. Bolsonaro ainda alegou que recebeu a informação sobre a delação de Cid "com tranquilidade".

"Ele foi pessoa de minha confiança ao longo dos quatro anos [de governo]. Fez um bom trabalho. E tinha aquela vontade de resolver as coisas. O telefone dele, por exemplo, eu chamava de 'muro das lamentações'. Não só militares, mas civis que queriam chegar a mim, vinham através dele", alegou ele.

O ex-presidente também alega que Cid era para ele como um filho. "Sempre o tratei como um filho meu. Eu sinto tristeza com o que está acontecendo, né? Eu não queria que ele estivesse nessa situação. E, agora, nos meus dias de reflexão, eu me coloco no lugar do Cid. E eu tenho um pensamento sobre ele: eu pretendo – e brevemente, se Deus quiser – dar um abraço nele. É só isso que eu posso falar".

Já sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro disse que "dentro da lei, não vislumbra isso para ele". "Eu pergunto aos advogados, e eles me dizem que só se for por uma medida de força. Eu teria que ter um julgamento. Eu seria preso preventivamente? Por quê? Eu não estou obstruindo as investigações, não estou conversando com quem [outros investigados] tem medidas cautelares, não estou buscando combinar nada com ninguém, tá certo?", afirmou.

Em seguida, ele reclamou sobre o fato das investigações contra ele correrem no STF, e não na primeira instância. "Agora, nós reclamamos porque o nosso processo deveria estar correndo na primeira instância [da Justiça], como aconteceu com o Lula e com todos os que já tiveram problema. Todos. E isso não está sendo respeitado. Por que eu estou [sendo julgado] no Supremo Tribunal Federal? Porque ali não cabe recurso para mim", acrescentou. 

De acordo com o Estadão, o acordo de colaboração premiada feito pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro mudou o curso das investigações que envolvem o ex-presidente. Como o conteúdo do acordo está sob segredo de Justiça, ainda não se sabe a extensão das provas que podem ser produzidas a partir dele, mas é motivo de preocupação no núcleo do bolsonarismo.

Como mostrou coluna do Estadão, o clima é de pânico no clã Bolsonaro, embora publicamente o discurso seja de perseguição e injustiça. No dia em que a Polícia Federal (PF) aceitou a delação de Mauro Cid, Michelle Bolsonaro foi a um culto evangélico em Taguatinga (DF) e, com a bandeira do Brasil nas costas, chorou e disse "estamos sendo perseguidos e injustiçados".

Fonte: Redação Terra
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