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Política

Bolsonaro alega à PF estar sob efeito de morfina ao postar vídeo contra resultado da eleição

Postagem levantava suspeita sobre sistema de votação nas eleições de 2022 e foi feita após os ataques de 8 de janeiro

26 abr 2023 - 12h35
(atualizado às 20h21)
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BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou nesta quarta-feira, 26, em depoimento à Polícia Federal (PF), que estava sob efeito de medicamentos quando compartilhou um vídeo questionando o resultado das eleições de 2022. Segundo relato do ex-secretário de comunicação social da Presidência e atual assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, o ex-presidente disse à PF que a postagem foi feita "por equívoco". Bolsonaro estaria se recuperando de um "tratamento com morfina" provocado por obstrução intestinal.

No dia 10 de janeiro, Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais questionando a lisura e a confiabilidade das eleições presidenciais de 2022. O compartilhamento da teoria conspiratório levantou suspeita de que o ex-presidente estaria estimulando crimes contra o estado de direito. A postagem foi apagada no mesmo dia.

Bolsonaro alega que pretendia encaminhar o vídeo pelo WhatsApp para que pudesse assisti-lo em outro momento. Ele sustentou, no entanto, que, por estar sob medicação, acabou errando o comando. O conteúdo ficou quase duas horas no ar antes de ser excluído.

De acordo com Wajngarten, o ex-presidente foi aconselhado a excluir a publicação em que acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de não ter sido eleito de maneira legítima pela população, mas sim por um conluio entre ministros de tribunais superiores. Diferentemente do que diz teoria sem provas compartilhada por Bolsonaro, o resultado das eleições de 2022 foram prontamente reconhecidas por observadores internacionais e autoridades estrangeiras.

A publicação realizada apenas dois dias após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro foi alvo de denúncia do Ministério Público (MP) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou por ordenar a inclusão de Bolsonaro que apura a tentativa de golpe no início do ano.

O depoimento do ex-presidente durou 3 horas. Encerrada a oitiva, Wajngarten ainda afirmou que a versão dada aos agentes federais foi de que o ex-presidente repudia os atos golpistas de 8 de janeiro.

O assessor do ex-presidente deu ênfase ao fato de a postagem ter sido feita poucas horas após a alta hospitalar, mas não explicou o conteúdo inverídico do vídeo. Ainda segundo Wajngarten, Bolsonaro respondeu a todas as perguntas dos policiais e não utilizou o silêncio como estratégia de defesa. "Em nenhum momento o (ex-) presidente fez juízo de valor do conteúdo do vídeo", disse Wajngarten.

"Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para o seu arquivo de WhatsApp para assisti-lo posteriormente. Por acaso, justamente neste período, o presidente estava internado em um hospital em Orlando", afirmou o advogado Paulo Cunha Bueno. "Justamente no período entre o dia 8 e o dia 10 (janeiro), ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi internado, submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que duas horas depois ele foi advertido e retirou a postagem", prosseguiu.

Segundo o ex-secretário, Bolsonaro afirmou duas vezes no depoimento que a eleição presidencial de 2022 "é uma página virada".

Esta foi a segunda vez que Bolsonaro depôs à PF. Na primeira declaração dada aos policiais federais no início deste mês, Bolsonaro teve que explicar o motivo de ter pressionado e deslocado ministros de seu governo para ter acesso a joias ilegais retidas pela Receita Federal.

Estadão
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