Bolsonaro chega à PF para depor na investigação sobre fraude em cartões de vacina
O ex-presidente prestou depoimento sobre inquérito que investiga suposto esquema de adulteração de cartões de vacinação
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu no início da tarde desta terça-feira, 16, à sede da Polícia Federal, em Brasília, por volta das 13h30, para prestar depoimento. Ele é ouvido no inquérito que apura um suposto esquema de adulteração de cartões de vacinação contra a covid-19, que teria beneficiado a ele próprio além da filha, Laura Bolsonaro, e do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid e membros da família dele.
A PF investiga se Bolsonaro tinha conhecimento do esquema e se partiu dele a ordem de acesso ao sistema do Ministério da Saúde, onde os dados sobre a vacinação contra a covid-19 foram inseridos e depois retirados.
No dia 3 de maio, a Polícia Federal realizou buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, para encontrar evidências do envolvimento de Bolsonaro no esquema. O celular dele foi apreendido pelas autoridades. No mesmo dia, ele falou à imprensa e afirmou que não se vacinou contra a covid-19, e que os cartões de vacinação dele e da filha não foram adulterados.
Ele se negou a depor à PF no dia da operação alegando que sua defesa precisava ter acesso à investigação, por isso, o depoimento foi marcado para esta terça-feira.
O Estadão apurou que, durante o depoimento, o ex-presidente repetiria que todos sabem que ele nunca se vacinou contra a covid-19. Bolsonaro também teria levado à PF extratos bancários, na tentativa de mostrar que quitou despesas pagas por Mauro Cid para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A PF descobriu depósitos em dinheiro vivo feitos para Michelle, de maneira fracionada, e desconfia da prática de "rachadinha".
Prisões
Durante a operação deflagrada pela Polícia Federal, seis suspeitos de envolvimento no esquema de fraudes foram presos. Entre eles, o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid teria inserido informações falsas no ConecteSUS para conseguir vantagens ilícitas e emitir certificados falsos de vacinação contra a covid-19 para ele, a esposa e as três filhas.
Os dados de vacinação do ex-presidente foram incluídos no sistema do Ministério da Saúde em Duque de Caxias, mesma cidade onde Cid teria conseguido o cartão de vacinação da esposa, segundo a PF.
Uma enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou à Polícia Federal que emprestou a senha para o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Brecha também foi preso durante a operação de 3 de maio.
Mauro Cid deve prestar depoimento na investigação na quarta-feira, 17, e a esposa dele, na quinta-feira, 18.
*Com informações do Estadão Conteúdo