Bolsonaro defende cloroquina e critica CPI: "Um vexame"
Presidente afirmou que vai fazer um vídeo com os ministros que tomaram cloroquina para defender o remédio como "alternativa do momento"
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid na manhã deste sábado, 8, e se referiu ao colegiado do Congresso como um "vexame". A apoiadores, o presidente também defendeu o uso da cloroquina no tratamento contra o coronavírus e afirmou que irá fazer um vídeo nesta semana com seus ministros falando se tomaram ou não o medicamento, que não tem eficácia comprovada contra a doença.
"Continuo dizendo, só Deus me tira daquela cadeira. Não vai ser... essa CPI tá um vexame, só se fala em cloroquina. Mas, o cara que é contra, não dá alternativa. Tenho certeza que alguém tomou hidroxicloroquina aqui. Alguém tomou?", perguntou a um grupo de apoiadores que estavam no Palácio da Alvorada nessa manhã. "A gente vai fazer um vídeo nesta semana, dos 22 ministros, todas aqueles que tomaram hidroxicloroquina vão falar eu tomei. É a alternativa no momento. Ah, não tem comprovação científica, mas não tem cientificamente falando o contrário também", afirmou.
Em sua primeira semana de trabalho, os depoimentos prestados à CPI tiveram como foco o "tratamento precoce", defendido por Jair Bolsonaro. Aos senadores, os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich relataram a pressão do chefe do Executivo para que o Ministério da Saúde defendesse o tratamento. Já o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, evitou se comprometer com a defesa pública que o presidente faz da cloroquina.
Nessa sexta-feira, 07, o presidente já havia se manifestado com críticas ao colegiado. Em publicação nas redes sociais dirigida a senadores da CPI, Bolsonaro afirmou que os "inquisidores" que criticam o uso de medicamentos "não encham o saco de quem optou por uma linha diferente".
Na quinta-feira, 7, em transmissão semanal, Bolsonaro também reclamou que o colegiado "bateu muito" no ministro da Saúde. "Cloroquina, cloroquina, cloroquina, o tempo todo cloroquina. Ah, o presidente falou...", analisou Bolsonaro. O chefe do Executivo ainda ameaçou usar a máquina do governo federal para investigar o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, que tem se mostrado forte crítico ao Planalto.
Além das críticas, o presidente afirmou que, apesar de o governo ter minoria de representantes na CPI do Senado, pretende apurar de casos na cidade de Manaus onde, segundo ele, pessoas receberam doses quádruplas de cloroquina e vieram a óbito.
"Já temos os nomes das pessoas que participaram dessa experiência e queremos explicações, qualquer remédio que derem em excesso faz mal". Ele também voltou a repetir que irá tomar a vacina após todos os brasileiros estarem imunizados e afirmou se tratar de um gesto de "altruísmo".
Em postagem no Twitter, após a conversa com apoiadores nesta manhã, Bolsonaro afirmou que o Ministério da Saúde enviou nova remessa com 3,9 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford para todos os Estados e Distrito Federal. Segundo ele, a partir da próxima segunda-feira, 10, mais de 1,1 milhão de doses do imunizante da Pfizer também começarão a ser enviadas para as capitais brasileiras.
Eleições e STF
O chefe do Executivo também voltou a criticar governadores e prefeitos por medidas de isolamento e distanciamento social e afirmou que o País sentiu efeitos da pandemia na economia. "Quem destruiu o emprego não fui eu. Foi o governador e prefeito que fecharam tudo, deixando bem claro isso aí", afirmou. "Por mim, nada seria fechado, porque se não trabalhar, vai morrer de fome. Lamento as mortes, dificilmente alguém não tem parente, amigo que não morreu de Covid, ou de suspeita de Covid, porque tudo é suspeita de Covid", disse.
Durante a conversa, o presidente também citou as eleições presidenciais de 2022 e disse que a população "tem que se preocupar com política". O presidente ainda afirmou que deve indicar um representante "terrivelmente evangélico" para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele ressaltou que a indicação precisa do aval do Senado.
"Tem que se preocupar com política. Não pode votar com coração. Todo mundo é bonzinho ano que vem, vota com razão, estamos lutando pelo voto auditável, para afastar suspeita de fraude, para poder melhorar o Executivo, Legislativo e também o Judiciário, porque quem indica vagas para o Supremo Tribunal Federal passa por mim. A palavra final não é minha, é do Senado, porque tem uma sabatina lá. Mas você já sabe que o de 5 de julho, 4 de julho, vai ser um terrivelmente evangélico, já tem um cotado aí, por enquanto é ele", afirmou.