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Política

Bolsonaro desmente Pablo Marçal e confirma apoio a Nunes em SP: 'Tenho compromisso com o prefeito'

Coach afirmou após encontro em Brasília que aliança estaria sob risco; ex-presidente diz que tranquilizou o prefeito e acerto está de pé com a indicação do vice

5 jun 2024 - 16h09
(atualizado às 16h48)
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desmentiu o coach Pablo Marçal (PRTB) e reiterou o desejo de apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), na disputa pela Prefeitura de São Paulo em outubro. Em conversa com o Estadão nesta quarta-feira, 5, Bolsonaro disse ter compromisso com a reeleição do emedebista e que jamais deixaria Marçal falar em seu nome.

Bolsonaro e Marçal tiveram uma conversa de cerca de uma hora em Brasília nesta terça-feira, 4. O coach recebeu de presente uma medalha de "imbrochável" e declarou, após o encontro, que o prefeito não receberia mais o apoio de Bolsonaro e do PL. A notícia trouxe desconforto na campanha do prefeito, que o procurou diretamente para averiguar o relato.

"Em nenhum momento eu falei para ele que não iria apoiar o Ricardo Nunes. Assim sendo, ele se equivocou, ou alguém se equivocou. Eu estou tranquilo da minha parte", afirmou Bolsonaro. "Eu falei que tinha compromisso já com o Nunes, porque o vice é meu, o Mello Araújo", completou o ex-presidente, em referência ao coronel da PM Ricardo Mello Araújo, o preferido dele para compor a chapa do prefeito.

Marçal recebe medalha de 'imbrochável' de Bolsonaro e diz que ex-presidente 'não irá apoiar' Nunes

O ex-presidente evitou responder diretamente se a aliança poderia ser desfeita caso Mello Araújo não fosse o escolhido de Nunes. "De minha parte, é ele, mas são vários partidos da coligação. Pelo que eu sei, por enquanto, não tem nenhuma oposição ao nome dele. É um cara discreto, um coronel da Rota, que ficou dois anos à frente da Ceagesp e arrumou tudo. Sabe ser gestor e colaboraria, obviamente, caso chegasse como vice".

Nunes tem afirmado que a escolha será feita em conjunto com todos os partidos e será anunciada apenas mais próximo do prazo das convenções partidárias, entre julho e agosto. Ele não garantiu a indicação do coronel Mello em sabatina para o canal MyNews, nesta quarta-feira, 5, e defendeu que não há imposição por parte de Bolsonaro, apesar de o PL ter mais chances de emplacar o vice por conferir o maior tempo de televisão. "Não vou antecipar. Vamos decidir isso mais para frente, e eu já falei para ele e para todo mundo que vou consultar todos os partidos porque isso é uma frente ampla, verdadeiramente democrática", disse o prefeito paulistano.

Tour com bolsonaristas em Brasília

Pablo Marçal entrou na disputa pelo PRTB, partido nanico que não tem direito a tempo de propaganda em rádio e TV, nem presença garantida em debates, rifando Padre Kelmon. Em pesquisa recente do Datafolha, no entanto, pontuou com 7% em um cenário e 9% em outro na estimulada, em que os nomes são apresentados aos eleitores. Nunes e o seu principal adversário de momento, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), ainda lideram em ambos.

Nos bastidores, o encontro do empresário com Bolsonaro e aliados em Brasília é lido como uma forma de pressionar pela indicação do militar bolsonarista para o posto de vice-prefeito na chapa de Nunes. Já Marçal aproveita a onda para colar a sua imagem ao bolsonarismo e tentar subir nas pesquisas angariando votos da direita.

Após a reunião, o coach declarou ao Estadão que Bolsonaro não iria apoiar Nunes e que o postulante à reeleição estaria desidratando na disputa, posição agora desmentida pelo ex-presidente. Marçal recebeu a medalha de "imbrochável", "imorrível" e "incomível" de Bolsonaro. "Tem alguns anos que eu queria ganhar", afirmou ele.

Além do próprio Bolsonaro, o pré-candidato também encontrou diversos bolsonaristas no Congresso e gravou vídeos para as redes sociais, onde tem mais de 10 milhões de seguidores. Alguns deputados colocaram em dúvida o acerto do PL com o MDB na maior cidade do País. "Política muda muito, quem sabe a gente não vai estar junto na eleição", declarou o deputado José Medeiros (PL-MT).

Em discurso no plenário, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) desejou "sucesso" ao coach contra o prefeito paulistano, que é do seu próprio partido. "A democracia precisa ter o maior número de pessoas comprometidas com a liberdade econômica, com os valores da família, disputando as próximas eleições", afirmou ele, apoiador de Bolsonaro.

Marçal também foi recebido no gabinete do PL pelo vice-líder da oposição na Câmara, o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB). Em imagens divulgadas pelo coach, Silva aparece dizendo que o povo queria Marçal na Câmara, em referência aos 250 mil votos obtidos em São Paulo e posteriormente anulados com a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.

O empresário chegou a desfilar com um broche de parlamentar pelos corredores da Câmara, sem revelar quem cedeu o objeto.

Estadão
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