Bolsonaro diz que defesa vai focar em aspectos técnicos no julgamento de denúncia sobre golpe
Bolsonaro e mais sete pessoas -- ex-ministros e ex-militares -- podem se tornar réus ao fim de julgamento que tem início na terça-feira
O ex-presidente Jair Bolsonaro, peça central em denúncia por tentativa de golpe e outros crimes que deve ser analisada na terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a questionar o processo nesta segunda-feira, e afirmou que sua equipe de defesa vai se concentrar em aspectos técnicos da ação.
Para o ex-presidente, que inúmeras vezes alegou ser vitima de perseguição política, seu caso não respeita o chamado devido processo legal.
"Para que essa velocidade aí? Para que esse atropelo? Costumo dizer, se eu sou tão culpado assim, por que não seguir o devido processo legal?", questionou, no podcast Inteligência Ltda. na noite desta segunda-feira.
"Começa o julgamento pela admissibilidade amanhã, se eu me torno réu ou não. (Tenho) bons advogados e eles vão, num primeiro momento, explanar a questão de tecnicidade", acrescentou.
Bolsonaro e mais sete pessoas -- ex-ministros e ex-militares -- podem se tornar réus ao fim de julgamento que tem início na terça-feira. A Primeira Turma do STF deve analisar se aceita denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados à sua tentativa de permanecer no poder após a derrota na eleição presidencial de outubro de 2022, colocando-o como líder de organização criminosa que agiu para tanto.
O ex-presidente aproveitou a participação no podcast para questionar, por exemplo, o foro da Justiça em que seu caso é analisado, explorando falta de consenso jurídico sobre o tema.
"Meu foro é 1ª instância", argumentou.
"Depois, também se eles (os ministros do STF) decidirem que tem que ser em última instância (o Supremo), teria que ser o plenário todo e não uma turma apenas, começa por aí", afirmou.
A análise do caso pela Primeira Turma segue as regras do regimento interno do Supremo, segundo as quais as turmas são responsáveis pela análise de ações penais. Composto por Alexandre de Moraes, relator do caso, e pelos ministros Cristiano Zanin (presidente), Flávio Dino e Luiz Fux, além da ministra Cármen Lúcia, o colegiado vai avaliar se a acusação tem elementos suficientes para a abertura de uma ação penal.
