Bolsonaro diz que era "mais um na multidão" nos atos
Presidente afirmou que "nada sobe à cabeça" após manifestações de 7 de setembro
Depois de convocar por várias semanas os atos a seu favor para o 7 de Setembro, e fazer dois discursos com ataques às instituições, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores nesta quarta-feira que era "apenas mais um na multidão" e que não pode resolver tudo sozinho.
"Não é fácil mudar uma coisa que está décadas incrustada no poder. Ontem eu era mais um na multidão. Nada sobe na minha cabeça, sei da minha responsabilidade e para onde o Brasil tá marchando também", disse Bolsonaro a uma apoiadora que perguntou se ele tinha conseguido a foto que queria.
Nos dias anteriores, e no próprio discurso, Bolsonaro afirmou que queria uma foto "para mostrar ao mundo" e também aos outros Poderes o apoio que tinha no país.
Ao ouvir de outra pessoa que "assinava embaixo" as decisões do presidente, Bolsonaro incentivou os apoiadores a também tomarem atitudes e disse que não pode resolver tudo sozinho.
"Olha só, não é assina embaixo para mim não, tá. Quem tem que fazer o futuro são vocês. Achar que eu tenho super poderes para levantar espada e resolver assunto aí, 'vai lá, faz isso faz aquilo'. Não é assim que a banda toca. Isso que o Brasil vive é um somatório de décadas de desmandos", disse.
Bolsonaro voltou a dizer que não tem culpa por problemas na economia, inflação ou o preço dos combustíveis, e disse que seus seguidores "precisam descobrir" de quem era a culpa.
Frequentemente, o presidente coloca a culpa em governadores e atravessadores pelo custo no combustível.
Temas como a inflação, o aumento da fome e o alto desemprego no país ficaram fora dos discursos que o presidente fez na terça-feira, mas sobraram ataques ao Supremo Tribunal Federal, além da volta da defesa do voto impresso.
O tom radical usado pelo presidente causou reação entre partidos e entre os demais Poderes. A radicalização insuflou, inclusive, o aumento da defesa do impeachment de Bolsonaro, especialmente porque, apesar de ter juntado nas ruas milhares de pessoas, as manifestações não tiveram o tamanho vendido pelos bolsonaristas.