Bolsonaro diz que está sendo perseguido e não tem medo de julgamento: ‘Sejam isentos’
Discurso de Bolsonaro ocorreu durante o lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem, investigado no caso da 'Abin paralela'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem (PL-RJ) à prefeitura do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado, 16. Aparição do ex-presidente ocorreu um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar o sigilo dos depoimentos de militares acerca da trama golpista depois da eleição de 2022. Ao público, ele falou que não tem medo de julgamento.
“Eu poderia muito bem estar em outro país, mas decidi voltar para cá com todo o risco. Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos”, afirmou. O ato ocorreu na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio, e assim como nas carreatas pelo litoral paulista, Bolsonaro também não comentou sobre os depoimentos.
Durante seu discurso de apoio ao aliado, ele quis dizer que era perseguido por ser um “paralelepípedo no sapato” dos opositores. “Ramagem trabalhou comigo, fez um excelente trabalho, deixou sua marca. E obviamente, quando se lança pré-candidato, o mundo cai na cabeça dele, como vem caindo na minha, porque sou um paralelepípedo no sapato da esquerda”, declarou.
Ramagem também se manifestou e fez elogios ao antigo chefe. "Em 2018, elegemos Bolsonaro presidente do Brasil. Isso vai voltar. No dia seguinte, eu fui indicado pela PF para trabalhar diretamente com o presidente Bolsonaro. Aquela antiga PF que nós dava tanto orgulho. Minha responsabilidade era levar o presidente para a posse. Eu trabalhei com o presidente Bolsonaro há quase seis anos. Em 2022, eu tive a missão de concorrer a uma vaga no Congresso Nacional. Hoje eu recebo uma nova missão do presidente. Vamos tirar a esquerda do poder do Rio de Janeiro. Vamos tirar esses soldados do Lula da cúpula do Rio".
O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é investigado por suspeita de envolvimento em um esquema de monitoramento ilegal de autoridades públicas na chamada ‘Abin paralela’. O parlamentar foi alvo de operação da PF no dia 25 de janeiro, na Operação Vigilância Aproximada.
Segundo a investigação, Ramagem teria usado a estrutura do órgão para fazer espionagens ilegais que favoreceriam a família de Bolsonaro. Sob as orientações dele, sete policiais federais cumpriam as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas.
Durante a ação de busca e apreensão, foram encontrados na casa dele documentos sobre uma operação da Abin em comunidades do Rio de Janeiro, um notebook e um celular pertencentes à agência de inteligência.
Ramagem é o candidato apoiado por Bolsonaro para disputar a eleição municipal com Eduardo Paes (PSD), apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Vaiado por militantes
O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, deputados federais e estaduais estiveram ao lado de Bolsonaro no palco montado na quadra da escola. Castro chegou a ser vaiado por parte dos presentes que estavam no local.
"Bolsonaro fez em dois anos o que muita gente não fez em 20 anos. Em 2022, o Rio fez sua parte. Bolsonaro ganhou no primeiro e no segundo turno. O PL ganhou o governo no primeiro turno. Foi uma escolha fácil. Você quer ideologia de gênero nas escolas? Você quer bandido podendo matar policial a vontade? Esse ano temos a escolha de quem no fim de semana está nos botecos por aí, ou vamos chamar o delegado para dar ordem nesse Rio de Janeiro. Não somos gado de ninguém", afirmou o governador. *Com informações do Estadão