Bolsonaro diz que TSE errou ao chamar Forças Armadas para comissão eleitoral: "Sou o chefe supremo"
Em reunião ministerial, Bolsonaro pediu 'reação' contra urnas antes das eleições; gravação embasou operação da PF
Na reunião ministerial feita em 5 de julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) errou ao chamar as Forças Armadas para integrar a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), mas avaliou que essa decisão o beneficiava.
"O TSE cometeu um erro [inaudível] quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?", afirmou na ocasião.
Em outro trecho da gravação, Jair Bolsonaro diz que o Tribunal SuperiorEleitoral (TSE) cometeu um erro, e que ele se beneficiou disso.
O trecho faz parte da gravação da reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro com ministros em que discutem, segundo a Polícia Federal, uma… pic.twitter.com/9NybXuF5dW
— GloboNews (@GloboNews) February 9, 2024
A gravação da reunião estava no computador apreendido de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e segundo a Polícia Federal (PF), revela o "arranjo de dinâmica golpista". O vídeo de mais de uma hora foi obtido pelo jornal O Globo.
Em 2021, as Forças Armadas foram incluídas pelo TSE, junto com outras entidades, na CTE, comissão que tem como finalidade ampliar a transparência e a segurança das eleições. A atuação das Forças Armadas, entretanto, resultou em várias crises no processo.
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Em outro momento do vídeo, Bolsonaro se referiu à cadeira presidencial como uma "cagada do bem".
"Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado", disse.
"Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado” - Jair Bolsonaro, em reunião secreta para pressionar ministros para aderir a tese golpista pic.twitter.com/ypKC26JV5C
— William De Lucca (@delucca) February 9, 2024
'Vamos ter que reagir'
Durante o encontro, o então presidente pediu para que seus ministros atuassem para questionar as eleições antes mesmo da disputa, pois mostrava certeza na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devido a uma alegada fraude no sistema eleitoral.
"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse Bolsonaro.
"Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado (...) A gente vai ter que fazer alguma coisa antes", afirmou em outro trecho.
Estavam na reunião Anderson Torres (ex-Justiça), general Augusto Heleno (ex-Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa), Mário Fernandes (ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-Casa Civil). Todos são alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira, 8, e investigados por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
*Com informações do Estadão Conteúdo