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Política

Bolsonaro e Valdemar confirmam ex-chefe da Abin como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro

Ex-presidente sinalizou apoio ao deputado Alexandre Ramagem em evento político em Goiânia; Valdemar confirmou escolha do ex-diretor da Abin menos de duas semanas após operação da PF que investiga espionagem por servidores do órgão

1 nov 2023 - 19h26
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RIO - Menos de duas semanas após a Polícia Federal (PF) deflagrar uma operação para apurar crimes de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Jair Bolsonaro, o ex-presidente confirmou o nome do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da agência de inteligência, como pré-candidato à Prefeitura do Rio.

A sinalização de apoio foi feita durante o 1º Congresso Harpia Brasil, em Goiânia (GO), no dia 27 de outubro. "Ramagem, a princípio, é o nosso candidato no Rio de Janeiro", afirmou Bolsonaro.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 1º, a escolha de Ramagem para a disputa. De acordo com Valdemar, Ramagem foi o nome escolhido pelo ex-chefe do Executivo com o apoio do governador do Estado, Cláudio Castro (PL).

A decisão do presidente do PL é anunciada no dia seguinte em que, por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou que Bolsonaro e Walter Braga Netto - nome mais cotado para disputa da capital fluminense - cometeram abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência durante a campanha eleitoral de 2022.

Com a decisão, Braga Netto fica de fora do próximo pleito municipal e abre caminho para que Ramagem, que conta com o apoio dos filhos de Bolsonaro, assuma a pré-candidatura.

A Operação Última Milha deflagrada no dia 20 deste mês colocou Ramagem no centro das atenções do escândalo de monitoramento de políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários do governo do ex-chefe do Executivo.

Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente da Abin durante o período em que os servidores presos teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. A operação prendeu dois servidores da agência que teria usado indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.

Pressionado pela operação da PF, Ramagem disse que as diligências só foram possíveis graças ao "início de trabalhos de austeridade" promovidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em nota publicada nas redes sociais, Ramagem afirmou que o objeto da operação, a ferramenta de monitoramento FirstMile, foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro, mas que ao assumir a gestão da Abin determinou uma auditoria interna e encaminhou o contrato do sistema de espionagem para a corregedoria interna da agência. Ele não nega a ação dos servidores.

A Coluna do Estadão já havia mostrado que investigação sobre espionagem ilegal na Abin não derrubou a intenção do PL de lançar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio. A cúpula do partido de Jair Bolsonaro avaliou que não há nada que o desabone para a disputa. Ao contrário disso, a aposta é que o escândalo na Agência Brasileira de Inteligência pode até impulsionar o nome dele.

Estadão
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