Bolsonaro evita cerimônia no STF após crise com Moraes
Supremo reabre os trabalhos em meio a apelos de Luiz Fux, presidente da Corte, por mais tolerância entre os Poderes
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não comparecerá à cerimônia que marca a retomada dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 1º. Marcado para as 10 horas, o evento não consta dos compromissos públicos do mandatário em sua agenda oficial. A sessão solene, que ocorrerá de forma virtual devido ao avanço da variante Ômicron do coronavírus, terá um discurso do ministro Luiz Fux, presidente da Corte, pedindo tolerância política e prudência às autoridades.
A ausência acontece em meio a mais um episódio de tensão entre o chefe do Executivo e o Judiciário. Na última sexta-feira, 28, Bolsonaro desobedeceu a uma determinação do ministro Alexandre de Moraes e não foi à sede da Polícia Federal prestar esclarecimentos no inquérito que apura suposto vazamento de informações sigilosas da corporação. O presidente é alvo de cinco investigações na Corte, e vem reeditando ataques ao Supremo após um breve período de trégua.
Como mostrou o Estadão, o discurso de Fux terá um apelo por tolerância política e respeito às instituições. Sem mencionar diretamente o nome de Bolsonaro, o ministro pedirá prudência às autoridades. Ministros do Supremo avaliam que a decisão do presidente de descumprir a determinação de Moraes provocou novo desgaste e pode levar a mais um capítulo da crise institucional envolvendo a Corte e o Planalto.
Na primeira sessão plenária do Supremo neste ano, os ministros vão discutir temas de interesse dos candidatos, como a validade e o prazo para formação das federações partidárias. Uma ação apresentada pelo PTB, por exemplo, questiona a legalidade da união entre legendas para o pleito deste ano. Ainda esta semana, a Corte também deve se debruçar sobre uma ação movida pelo PDT que trata do prazo pelo qual um candidato é considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
Procurado, o Planalto ainda não se manifestou sobre o motivo da ausência de Bolsonaro na cerimônia.