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Política

Bolsonaro faz discurso eleitoral previsível na ONU, analisam especialistas

Presidente do Brasil discursou na abertura da 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, 20

20 set 2022 - 12h45
(atualizado às 15h56)
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Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU
Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU
Foto: REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu discurso na abertura da 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, 20, para defender sua gestão ao longo da pandemia, exaltar o agronegócio e mirar o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sem citá-lo nominalmente. Esta foi a quarta vez que o atual presidente do Brasil discursou na ONU, seguindo a tradição de o chefe do Executivo brasileiro abrir o encontro entre os líderes mundiais.

77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas acontece nesta terça-feira, 20
77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas acontece nesta terça-feira, 20
Foto: REUTERS

Bolsonaro subiu na tribuna com atraso, após um discurso acalorado do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sobre a necessidade de cooperação entre as superpotências globais para um desenvolvimento sustentável de todas as nações. Mas o discurso do presidente brasileiro rumou para sua própria bolha, ignorando a problemática apresentada por Guterres, segundo aponta a cientista política Clara Versiani.

Ataque a Lula, Amazônia “intocada” e mais: o que Bolsonaro disse em discurso na ONU:

"Fez da assembleia, na maior parte do tempo, um palanque. O presidente demonstrou pouco o que o Brasil seria capaz de fazer para ajudar nessa solução mundial da crise", aponta. 

A cientista política Juliana Fratini, autora do livro 'Ideologia: uma para viver', aponta que Jair chegou a se conectar com pautas mundiais seriamente discutidas atualmente, como a pandemia de Covid-19, fome e desenvolvimento sustentável, mas com posicionamentos diferentes daqueles demonstrados ao longo de seu governo.

"Não mencionou nada mais substancial sobre a Educação e apresentou um cenário bastante incongruente na área da Saúde e a administração da crise na pandemia. Valorizou a Ciência, embora tenha havido cortes significativos na área", exemplifica a especialista.

Assista à íntegra do discurso de Bolsonaro na ONU:

Fratini aponta, também, a tentativa de Bolsonaro de se reconectar às eleitoras, destacando o trabalho da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. "De modo bastante superficial e, também, desviado da realidade, devido ao próprio comportamento recente de ataques a jornalistas mulheres", aponta.

Ataques a Lula

Mesmo sem citar Lula nominalmente, Bolsonaro disse que seu governo "extirpou" a corrupção sistêmica no País. "Quando a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras, por má gestão e desvios, chegou a casa de 170 bilhões de dólares. O responsável por isso foi condenado por três instâncias por unanimidade. Esse é o Brasil do passado", afirmou. 

Para o cientista político André Rosa, esta foi uma das várias tentativas de Jair de "desconstruir a imagem" de seu principal oponente eleitoral ao longo do discurso.

"Ele também ressaltou uma política de governo de apoio aos refugiados, mas tocou no assunto de forma crítica ao regime venezuelano ao qual o ex-presidente Lula é muito caro", diz.

Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU
Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso de abertura na Assembleia-Geral da ONU
Foto: REUTERS

Esta teria sido, então, uma forma de tentar ligar a crise na Venezuela ao candidato petista, segundo Rosa. "Como se o Brasil tivesse algum certo alinhamento ideológico ao outro país que sofre de questões econômicas", completa. 

Bolsonaro encerrou seu discurso relembrando as manifestações de 7 de Setembro e seu slogan eleitoral.

"Neste 7 de Setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade", finalizou.

Mais do mesmo

Apesar dos esforços de Bolsonaro, Juliana Fratini acredita que o candidato à reeleição não tentou buscar eleitores arrependidos ou indecisos. "Ele demonstra os próprios valores desde o início da campanha anterior. O discurso é o mesmo, não houve tentativas de estabelecimento de acordos ou mudança de posições", analisa. 

Por outro lado, André Rosa discorda e aponta que a fala de Jair foi generalizada, na tentativa de alcançar todos os eleitores. "Inclusive o voto feminino, através dos números apontados pelo presidente em relação a redução do número de homicídios e benefícios rurais para trabalhadoras do campo", diz. 

Fonte: Redação Terra
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