Bolsonaro ironiza Moro e diz não apadrinhar ministros
Segundo o presidente, sua escolha por ministros é por competência e ainda cita que essa é sua colaboração contra corrupção
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a escolha de ministros "não por apadrinhamento, mas por competência" é uma das colaborações de seu governo ao combate à corrupção. Sem citar o nome do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, Bolsonaro afirmou que o atual ocupante do cargo, André Mendonça, é "muito, mas muito melhor que outro que nos deixou há pouco tempo".
Na quarta-feira (7), Moro criticou pelo Twitter as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que teria acabado com a Operação Lava Jato em função do fim da corrupção no governo. "As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido", escreveu Moro.
Bolsonaro participou nesta quinta-feira, 8, de solenidade de encerramento dos cursos de formação de policiais federais. Segundo o presidente, sua eleição em 2018 ao cargo que ocupa é fruto, entre outros fatores, do trabalho da Polícia Federal. Ele destacou que, além da atuação do órgão durante o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG), "o outro efeito do trabalho de vocês (na minha vida) foi - e ainda é hoje em dia - no combate à corrupção. Isso fez com que muita gente olhasse para um candidato diferente e eu acabei sendo eleito".
Ontem, Bolsonaro também disse que acabou com a Lava Jato porque, segundo ele, não há mais corrupção no governo, no momento em que se alia politicamente a investigados da operação no Congresso e se aproximou de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) críticos à investigação.
"É um orgulho, uma satisfação que eu tenho dizer para essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava Jato, eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo", disse Bolsonaro, sob palmas, em evento no Palácio do Planalto para lançamento do programa Voo Simples, de medidas para o setor aéreo.
"Sei que não é virtude, é obrigação", afirmou o presidente, ao destacar que faz um governo de "peito aberto".
Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), para a cadeira ocupada atualmente pelo decano do STF, Celso de Mello, que se aposenta na próxima semana.
Nunes é tido como garantista e conta no Supremo e no Congresso, respectivamente, com o respaldo de ministros e parlamentares críticos da Lava Jato.