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Política

Bolsonaro mantém críticas a Petrobras e já tentou intervir na estatal

Pré-candidato à reeleição, presidente já trocou o comando da petroleira duas vezes e, com declarações duras, tenta se desvincular de política de preços que gera inflação

11 mai 2022 - 05h10
(atualizado às 07h29)
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Jair Bolsonaro é crítico da Petrobras
Jair Bolsonaro é crítico da Petrobras
Foto: Mateus Bonomi/Agif / Estadão

O presidente Jair Bolsonaro acumula declarações e investidas contrárias à política de preços e à gestão da Petrobras. Na mais recente crítica à petroleira, o presidente fez apelos, aos gritos, para que a empresa não voltasse a aumentar o valor dos combustíveis no Brasil. Afirmou que os lucros registrados pela empresa são "um estupro" e beneficiam estrangeiros. Não foi a primeira vez que Bolsonaro confrontou a gestão da companhia. Desde o início do mandato, o presidente tenta interferir na Petrobras, com a troca do comando, indicações ao Conselho de Administração e discursos de demonização da estatal.

A saída de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras foi uma das consequências das interferências diretas de Bolsonaro na empresa. O executivo foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, cuja nomeação embutia o objetivo do presidente da República de controlar os preços dos combustíveis. O militar, porém, não atendeu aos desejos de Bolsonaro e manteve a política anterior, que vem do governo de Michel Temer (2016-2018). A pressão sobre os valores cobrados nas bombas de combustíveis até se acentuou a partir do fim de fevereiro, devido à Guerra da Ucrânia, iniciada dia 24 com a invasão ordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Durante seus quase três anos e meio de mandato, Bolsonaro tem usado eventos públicos e transmissões nas redes sociais para pressionar o comando da petroleira. Foto: Pilar Olivares

Em meio à nova subida de preços provocada pelo conflito, Silva e Luna caiu em março de 2022, um ano depois de assumir a presidência da petroleira. Foi substituído por José Mauro Ferreira Coelho, ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Este, ao assumir, reafirmou que manteria o Preço de Paridade Internacional (PPI), que tem pressionado a inflação no Brasil. Alegou motivos de mercado e disse que o presidente da República teria entendido.

Como resultado da correção dos preços da Petrobras pela variação dos preços internacionais do petróleo e pelo câmbio do dólar, a empresa teve em 2021 um lucro recorde. Foram R$ 106,668 bilhões. Este ano, em seus primeiros três meses, com o mercado de petróleo impactado pela invasão da Ucrânia pelos russos, os bons resultados contábeis continuaram. Somente no primeiro trimestre de 2022, a estatal lucrou R$ 44,561 bilhões. Isso é 3.718% mais que o registrado no mesmo período do ano passado.

Na quinta-feira, 5, Bolsonaro reagiu aos números que a empresa divulgou para descrever seu desempenho no ano passado. Disse "não manda na Petrobras" e afirmou que seria uma "irresponsabilidade" interferir na companhia. Descartou novas mudanças, mas classificou o resultado da estatal como um "crime" que seria "inadmissível".

Durante seus quase três anos e meio de mandato, Bolsonaro tem usado eventos públicos e transmissões nas redes sociais para pressionar o comando da petroleira. Insiste em atacar os preços dos combustíveis, em uma tentativa de, aos olhos dos eleitores, se desvincular da política de contínuo aumentos da gasolina, do óleo diesel e do gás.

O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU), pediu, em março deste ano, ao órgão que investigue uma possível interferência do presidente na Petrobras. Segundo o procurador, a União, na qualidade de acionista controladora da Petrobras, por intermédio do presidente da República e da equipe do Ministério da Economia, "pretende interferir em decisão corporativa da empresa estatal" referente à política de preços.

A escalada do discurso e atitudes do presidente de ataques à empresa

Tentativa de controlar preço de diesel derrubou ações na Bolsa

Em 2019, Bolsonaro teria pedido para que a estatal segurasse o aumento no valor do diesel para atender a demandas de caminhoneiros sobre o custo do transporte de cargas. Queria evitar o reajuste de 5,7% no preço do combustível. O mercado, porém, reagiu mal. As ações da Petrobras caíram 8% após a interferência do governo na política de preços da estatal. Com a queda, o Palácio do Planalto adotou o discurso de que a decisão de não aplicar o aumento foi tomada em conjunto.

Demissão de Castello Branco veio pelas redes

O presidente anunciou nas redes sociais que iria substituir o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, ex-presidente da usina de Itaipu.

A interferência de Bolsonaro fez o preço das ações da empresa desabar. Um dos motivos para a troca foi a insatisfação do presidente com a alta no preço dos combustíveis.

, disse Bolsonaro, durante live nas redes sociais.

Presidente tentou emplacar consultor como presidente da estatal

O presidente demitiu Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras um ano após a nomeação. De acordo com o chefe do Executivo, trata-se de uma "coisa de rotina, sem problema nenhum". O governo federal indicou o consultor do mercado de energia Adriano Pires para comandar a empresa em meio às críticas de Bolsonaro à política de preços da estatal e ao reajuste dos combustíveis anunciado neste mês.

O MP do TCU pediu que Pires não assumisse Petrobras ao ter identificado conflito de interesse pela atuação do economista na iniciativa privada, incluindo em empresas concorrentes da estatal, como Chevron, Exxon Mobil e Shell.

O indicado desistiu oficialmente de assumir o comando da empresa depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no "teste" de governança da empresa. No lugar dele foi escolhido José Mauro Ferreira Coelho.

'Petrobras não é aquilo que eu gostaria', diz Bolsonaro

O presidente voltou a criticar a Petrobras após a divulgação de um aumento no preço dos combustíveis e do gás de cozinha.

"Tenho minhas críticas à Petrobras também. Não é aquilo que eu gostaria, não (...) O que eu puder fazer, não mando na Petrobras, não tenho ingerência sobre ela, o que a gente puder fazer, a gente faz", afirmou o presidente.

Lucros da Petrobras são 'estupro', declara presidente

Pouco antes da divulgação do resultado da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro fez apelos para que a empresa não voltasse a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil. Durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.

"Se tiver mais um aumento (nos preços dos combustíveis), pode quebrar o Brasil. E o pessoal da Petrobras não entende, ou não quer entender. A gente sabe que têm leis. Mas a gente apela para a Petrobras que não aumente os preços", disse Bolsonaro, que também chamou o lucro da estatal de "abusivo" e o classificou como "crime". "Se aumentar de novo o preço dos combustíveis, o nome da Petrobras vai para a lama", acrescentou.

Estadão
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