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Política

Bolsonaro oferece "prêmios de consolação" a demitidos

17 fev 2020 - 07h38
(atualizado às 07h44)
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Presidente Jair Bolsonaro e ministros no Palácio da Alvorada - De chinelos e camisa do Palmeiras na residência oficial da Presidência, Jair Bolsonaro posa com Major Vitor Hugo (PSL), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), o ministro da Secretaria de Governo, o General Santos Cruz, o ministro da Economia Paulo Guedes e o Secretário Especial de Previdência, Rogério Marinho.  No encontro, o presidente aprovou a proposta de idades mínimas de 62 e 65 anos para aposentadoria no projeto da reforma da Previdência. 
Presidente Jair Bolsonaro e ministros no Palácio da Alvorada - De chinelos e camisa do Palmeiras na residência oficial da Presidência, Jair Bolsonaro posa com Major Vitor Hugo (PSL), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), o ministro da Secretaria de Governo, o General Santos Cruz, o ministro da Economia Paulo Guedes e o Secretário Especial de Previdência, Rogério Marinho. No encontro, o presidente aprovou a proposta de idades mínimas de 62 e 65 anos para aposentadoria no projeto da reforma da Previdência.
Foto: Presidência da República/Divulgação / Estadão Conteúdo

Ao demitir na semana passada o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) do Ministério da Cidadania, o presidente Jair Bolsonaro reforçou o seu estilo de, ao dispensar um auxiliar, oferecer-lhe nova posição na estrutura pública. Para Terra, foi sinalizada a chance de ocupar uma embaixada. Antes dele, cinco dos seis colaboradores que deixaram o primeiro escalão também receberam propostas semelhantes como uma espécie de "prêmio de consolação".

A postura, segundo pessoas próximas ao presidente, tem origem na cultura militar. Na caserna, não costuma haver demissão. Ao dispensar os serviços de um auxiliar, o superior faz um elogio público e o transfere para outra função, longe de seu convívio. Politicamente, ao recorrer a este procedimento, Bolsonaro tenta evitar que ex-integrantes do governo se tornem inimigos.

No fim da tarde da quarta-feira, quando Terra entrou no gabinete no 3º andar do Planalto para ser comunicado de que seria dispensado, Bolsonaro propôs que ele assumisse o posto de embaixador no Canadá, na Espanha ou na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A oferta foi costurada pelo ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que substituiu o colega após ser exonerado da Casa Civil. Bolsonaro não se opôs à ideia, mas Terra a rejeitou. Se aceitasse o convite, o parlamentar deveria abrir mão do mandato de deputado federal.

Até agora, apenas dois ex-ministros aceitaram um novo emprego em estatais. Demitido em 6 de fevereiro do Ministério do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto ganhou a presidência da DataPrev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência). Ao deixar a Secretaria-Geral da Presidência, em 2019, o general Floriano Peixoto assumiu os Correios e mantém bom trânsito no Planalto.

O primeiro a deixar o governo, em 2019, Gustavo Bebianno também recebeu oferta de trabalho em outras áreas, apesar de estar envolvido em crise com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Na ocasião, Bolsonaro ofereceu a Bebianno, que coordenara sua campanha, a diretoria administrativa da Itaipu Binacional. A proposta foi feita diante de Onyx e do vice-presidente Hamilton Mourão. Diante da negativa, sondaram para as embaixadas em Portugal ou na Itália.

"Admitir e demitir é prerrogativa de qualquer governante. Fritar, atacar a imagem e a honra das pessoas, não. O presidente tem essa mania, que é muito desleal. O outro padrão de comportamento é, depois de tudo, oferecer cargos às vítimas, numa espécie de cala-boca", disse Bebianno. Exonerado após entrar na mira do grupo ligado ao guru Olavo de Carvalho, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz também teve a possibilidade de ganhar novo posto. Bolsonaro disse que ofereceu ao militar "o cargo que quisesse". Santos Cruz rejeitou. Disse que não estava em busca de emprego.

O único que não recebeu proposta de emprego após a demissão foi Ricardo Vélez Rodríguez, antecessor de Abraham Weintraub na Educação. Bolsonaro admitiu que errou entregar o ministério ao professor. 

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