Bolsonaro quis passar a mensagem de que está sendo 'perseguido' em ir ao STF, avalia especialista
Ex-presidente se tornou réu por tentativa de golpe de Estado
A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em aparecer no primeiro dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e faltando no segundo tinha o intuito de passar a mensagem de que ele está sendo perseguido pelo Judiciário. É o que avalia Manoel Galdino, professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP).
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“Bolsonaro trabalha com a expectativa de que vai ser condenado. Então, o que ele está tentando comunicar é mais para sua base eleitoral de que ele está levando a sério, mas que tem, na visão dele, uma perseguição”, aponta o especialista em entrevista ao Terra Agora desta quinta-feira, 27.
Galdino aponta que esse tom de narrativa tem sido utilizado pelo ex-presidente desde de antes do início do julgamento e foi mantido após a decisão de torná-lo réu ter sido tomada. “Ele tem falado isso várias vezes, de que não está tendo um julgamento justo e de que está sendo perseguido pelo Judiciário. Então, minha leitura vai gritar, sinalizando que eu [Bolsonaro] sei que isso é importante, mas [...] que estou sendo perseguido e portanto nem vou no segundo dia, porque ali é um jogo de cartas marcado”, diz.
“Essa é a narrativa que o Bolsonaro claramente quer comunicar para a sua base eleitoral. Para que [...] ele mantenha atiçada a sua base eleitoral, o seu capital político porque ele vai precisar disso no seu projeto de tentar conseguir uma anistia para os crimes que ainda não foi condenado, está só réu, mas ele está dizendo que já é cartas marcadas”, avalia Galdino.
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Bolsonaro e mais 7 são réus por unanimidade de votos na 1ª Turma do STF
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade na quarta-feira, 26, tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por tentativa de golpe de Estado. São eles:
- Jair Bolsonaro;
- Alexandre Ramagem;
- Almir Garnier;
- Anderson Torres;
- Augusto Heleno;
- Mauro Cid;
- Paulo Sérgio Nogueira;
- Braga Netto.
Os votos vieram dos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Como uma possível condenação impacta as eleições de 2026
De acordo com Manoel Galdino, ao que tudo indica, Bolsonaro irá manter a estratégia de que ele vai ser candidato nas próximas eleições presidenciais e vai tentar “não passar o bastão” para um segundo nome.
“Nessa estratégia, ele não vai perder espaço. Ele vai continuar sendo a figura central da direita brasileira. Portanto, todos os outros candidatos vão ter que adotar uma estratégia para lidar com esse fato de que o Bolsonaro é o candidato que vai ter ali 25%, 30% dos votos e quem ele indicar vai ter pelo menos isso. Um pouco como aconteceu com o Lula em 2018”, pontuou.