Bolsonaro responde Mourão e nega troca no Itamaraty
Na quarta-feira, 27, vice-presidente afirmou que Ernesto Araújo poderia ser exonerado após eleições no Congresso
O presidente Jair Bolsonaro se referiu ao vice Hamilton Mourão como "palpiteiro" ao reclamar da declaração do general sobre a provável demissão do chanceler Ernesto Araújo em uma reformulação ministerial a ser feita após as eleições do Congresso. A insatisfação com o vice foi manifestada nesta quinta-feira, 28, um dia depois do comentário de Mourão sobre o ministro das Relações Exteriores. Mais cedo, o site O Antagonista havia mostrado que o chefe da assessoria parlamentar da Vice-Presidência teria procurado o chefe de gabinete de um deputado para tratar de eventual impeachment de Bolsonaro. Mourão disse que não autorizou a articulação e anunciou a demissão do auxiliar.
"O que menos precisamos é de palpiteiro no tocante à formação do meu ministério. Todos os 23 ministros eu que escolho e mais ninguém. Se alguém quiser escolher ministro, que se candidate em 2022 e boa sorte em 2023", afirmou o presidente ao ser perguntado por um apoiador sobre o comentário de Mourão.
Bolsonaro disse que a única substituição ministerial prevista é na pasta atualmente comandada por um interino. A Secretaria-Geral da Presidência é dirigida por Pedro César Nunes Ferreira Marques de Souza desde que o então ministro Jorge Oliveira deixou o cargo, em dezembro, para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU).
"O vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty. Quero deixar muito claro uma coisa: tenho 22 ministros efetivos e um que é interino. Aí que podemos ter um nome diferente ou a efetivação do atual. Toda semana recebo da mídia informações de que vão ser trocados ministros, tentando sempre semear a discórdia no nosso governo. Lamento que gente do próprio governo agora passe a dar palpites no tocante à troca de ministros", reclamou Bolsonaro.
A afirmação de que Ernesto Araújo poderia ser exonerado foi feita por Mourão em entrevista à Rádio Bandeirantes, na quarta-feira, 27. A ideia da troca do ministro das Relações Exteriores, no entanto, também encontra eco dentro do governo, na chancelaria e mesmo no Centrão. Integrante da ala ideológica, Ernesto desagrada a militares, empresários e ruralistas.
O vice-presidente já reclamou da falta de diálogo com o chefe do Executivo, mas tem defendido o governo. Em entrevista ao Estadão, no último dia 15, Mourão rechaçou a tese de impeachment. "Deixa o cara governar, pô!", afirmou ele. "Não vejo hoje que haja condição de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro".