Bolsonaro se irrita ao negar promoção política em internação
Presidente concedeu uma entrevista coletiva nesta quarta-feira, após alta médica, e criticou a tese de vitimização
Jair Bolsonaro (PL) se irritou ao comentar teses de que estaria usando a internação por obstrução intestinal nesta semana para se promover politicamente. "É uma agressão aos médicos essa pergunta", irritou-se durante coletiva de imprensa no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, nesta quarta-feira, 5, após receber alta médica.
"Não é político. Eu não queria estar aqui, estava previsto para voltar a Brasília [após período de folga em Santa Catarina no final do ano]", explicou. "Agora falar que eu estou me vitimizando, estão de brincadeira comigo, né?".
"Eu sou um candidato paupérrimo, pobre, miserável. Se eu quisesse armar para cima do hospital, pelo amor de Deus, né?".
O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que atendeu Bolsonaro nesta semana, também participou da coletiva de imprensa e explicou que o caso teve relação com um atentado a faca em 2018.
"O presidente sofreu um atentado anos atrás [em 2018], uma facada, que originou uma cirurgia muito bem feita pelos profissionais que o atenderam [na Santa Casa] em Juiz de Fora, mas depois disso ele teve uma peritonite em setembro, dias após o acidente, e isso gerou uma grande quantidade de reação imunológica no abdômen dele e, embora esteja tudo bem com ele, essas aderências possibilitam quadro de obstrução intestinal", explicou.
Bolsonaro voltou a comentar o atentado, ressaltando que foi alvo de uma tentativa de assassinato. "Querem politizar uma tentativa de homicídio. As imagens mostram a faca entrando (...) o pessoal tem dúvidas, alguns acham que foi uma armação da minha parte porque falam que [o ferimento] não sangrou, mas facada naquela região não sangra, porque tudo vai para dentro", disse.
O presidente voltou a mencionar uma conspiração para assassiná-lo. A Polícia Federal concluiu, em duas investigações, que o autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho. Bolsonaro e aliados duvidam dessa conclusão. No ano passado, a investigação voltou a ser aberta.
"Não há dúvida de que foi uma tentativa de homicídio", pontuou. "Duas pessoas já morreram na pousada onde Adélio estava hospedado. Está muito parecido com o caso Celso Daniel [político assassinado em 2002]. Agora conseguiram adentrar no telefone dos advogados [de Adélio]. Vai chegar em gente importante, com toda certeza".