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Política

Bolsonaro silencia sobre Milton Ribeiro e gabinete paralelo de pastores em 'Marcha para Jesus'

Discursando para evangélicos, presidente usou 'pautas de costumes', como o aborto, para reforçar a polarização contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

25 jun 2022 - 11h33
(atualizado às 13h46)
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Jair Bolsonaro participou de evento com evangélicos em Santa Catarian
Jair Bolsonaro participou de evento com evangélicos em Santa Catarian
Foto: Reprodução/NSCTV

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou do evento religioso Marcha para Jesus neste sábado, 25, em Balneário Camboriú (SC). Sem mencionar o escândalo envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro, que é pastor evangélico, nem os desvios no MEC, o chefe do Executivo aproveitou a recente polêmica em torno da legalização do aborto para reforçar a polarização contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro definiu as eleições deste ano como uma "briga do bem contra o mal". Aproveitando o caráter religioso do evento, mencionou as chamadas "pautas de costumes" para demarcar posição contra o PT. Afirmou, ainda, que a cidade de Balneário Camboriú, comparada por ele a Dubai, pode "perder a pompa se a bandeira do País for pintada de vermelho".

"Um lado defende o aborto, o outro é contra; um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar os seus valores; um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável; um lado quer que seu povo se arme, para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar essa nossa tão sagrada liberdade; e eu tenho dito: povo armado jamais será escravizado", disse o presidente.

Bolsonaro chegou à cidade por volta das 10 horas acompanhado da primeira dama Michelle Bolsonaro. O empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também estiveram no local. A Polícia Militar informou que o evento reuniu cerca de 25 mil pessoas, metade do esperado pela organização.

O presidente Jair Bolsonaro participa da Marcha para Jesus em Balneário Camboriú (SC) acompanhado da primeira dama Michelle Bolsonaro e do empresário Luciano Hang. Foto: Bianca Ávila Müller

Voltando a falar sobre as "quatro linhas da Constituição", Bolsonaro afirmou que sua eleição serviu para que o brasileiro "começasse a entender o que é política e o que representa cada um dos Três Poderes". Em tom de ameaça, ele disse que cresce a possibilidade de ter de "tomar uma decisão", mas não foi claro sobre que decisão seria esta.

"Sempre tenho falado das 4 linhas da Constituição. Tenho certeza que, se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que devam ser tomadas", declarou.

A concentração para a marcha começou na Praça Almirante Tamandaré, no centro da cidade, e partiu em direção à barra norte de Balneário, onde um palco foi montado para receber o presidente. Bolsonaro também deve participar de um almoço com pastores, políticos e empresários. O retorno a Brasília está previsto para a tarde deste sábado.

O evento estava previsto para acontecer em 2 de julho, mas foi antecipado para permitir a participação do presidente. Esta é a terceira Marcha para Jesus da qual Bolsonaro participa no intervalo de um mês. Ele também esteve nos eventos realizados em Manaus, em 28 de maio, e em Curitiba, na última terça-feira, 21.

Como mostrou o Estadão, as Marchas para Jesus dão palanque para Bolsonaro neste ano de eleição. O presidente tem participado de uma série de grandes eventos evangélicos, uma de suas bases eleitorais (ele é líder de intenções de voto entre esse grupo). Além disso, ao longo deste ano, o chefe do Executivo e a primeira-dama, Michelle, receberam pastores, bispos e influenciadores digitais evangélicos no Palácio da Alvorada.

Estadão
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