Bolsonaro trocou mensagens com Mauro Cid após notícias sobre minuta de golpe descoberta
A troca de mensagens consta no documento assinado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) que autoriza as ações da Operação Tempus Veritatis
Ex-Presidente Jair Bolsonaro compartilhou uma notícia sobre uma suposta minuta de decreto planejando um golpe de estado e que, para a Polícia Federal, as trocas de mensagens indicam o conhecimento deles sobre esta existência.
O ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou, em 12 de janeiro de 2023, com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, uma notícia sobre a Polícia Federal ter encontrado uma suposta minuta que planejava um golpe de Estado na casa de Anderson Torres. A troca de mensagens consta no documento assinado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) que autoriza as ações da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF nesta quinta-feira, 8.
A sucessão de prints mostra que, depois de Bolsonaro compartilhar a notícia, Mauro Cid também a enviou para aliados. Os ex-assessores Marcelo Câmara e Filipe Martins receberam a mensagem encaminhada por Cid.
Martins respondeu ao militar com outra notícia, indicando e frisando que a minuta teria sido escrita à mão. Na troca de mensagens, Cid então reenvia essa informação para o ex-presidente Bolsonaro.
Já Marcelo Câmara respondeu a Cid que não via "gravidade" na notícia. "'Doc' não seguiu porque poderia não ter amparo jurídico", escreveu o ex-assessor.
Para a Polícia Federal, a intensa troca de mensagens após a busca e apreensão realizada na casa de Anderson Torres "ratifica o conhecimento deles sobre a existência e o conteúdo do documento".
"Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de Decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado Rodrigo Pacheco e, por fim, determinava a realização de novas eleições."
"Posteriormente, foram realizadas alterações a pedido do então presidente [Bolsonaro] permanecendo a determinação de prisão do Ministro Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições", afirma o documento com detalhes das investigações que culminaram na operação da PF.