Bolsonaro diz estar com 'consciência limpa' sobre denúncia da PGR e que não se importa com possível prisão
"Caguei para a prisão", disse o ex-presidente em um evento para filiados ao PL nesta quinta-feira, 20
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou publicamente, nesta quinta-feira, 20, pela primeira vez, a denúncia que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu contra ele. Bolsonaro disse estar com a "consciência tranquila" e usou um palavreado de baixo calão ao dizer que não estaria se importando com uma possível prisão.
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"Ao contrário de alguns poucos aqui em Brasília, que no momento mandam muito, estamos com a consciência tranquila. Nada mais tem contra nós do que narrativas", disse Bolsonaro.
"Eu não poderia continuar vendo o meu país se deteriorar, se afundar, se acabar. O país onde se rouba a esperança do teu povo. O tempo todo: 'Vamos prender o Bolsonaro'. Caguei para a prisão", afirmou o ex-presidente, durante evento para filiados ao PL.
Denúncia da PGR
O ex-presidente Jair Bolsonado (PL) foi denunciado, nesta terça-feira, 18, pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Em nota, a defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam". Também alegou ter recebido com "estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República".
Ao todo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ofereceu denúncia contra 34 pessoas acusadas de "estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito".
Os denunciados são acusados dos seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
- deterioração de patrimônio tombado.
"As peças acusatórias baseiam-se em manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens que revelam o esquema de ruptura da ordem democrática. E descrevem, de forma pormenorizada, a trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas", informa a PGR.
Ainda segundo a Procuradoria-Geral da República, a organização tinha como líderes o então presidente da República e o seu candidato a vice-presidente. "Aliados a outras pessoas, dentre civis e militares, eles tentaram impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido".
A denúncia foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de uma investigação da Polícia Federal (PF) que apontou Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que atuou para abolir o Estado Democrático de Direito.
O objetivo, segundo o relatório, era estabelecer uma "falsa realidade de fraude eleitoral" para que sua derrota não fosse interpretada como um acaso e servir de "fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato Jair Bolsonaro no pleito de 2022".
A investigação aponta ainda que a o ex-presidente tinha conhecimento de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.