Despesas de Bolsonaro nos EUA podem ter sido custeadas por venda de joias, aponta PF
Informações sobre os negócios ilícitos, bem como a destinação dos valores obtidos, foram enviadas pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF)
A investigação da Polícia Federal sobre o suposto esquema de venda de joias recebidas pela Presidência aponta que o negócio ilícito pode ter custeado as despesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sua família durante a estadia nos Estados Unidos. A informação é de O Globo.
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Em relatório remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF destaca a possibilidade sobre a destinação dos valores obtidos com a venda ilegal das joias, desviadas do acervo público brasileiro.
"Após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano", cita a Polícia Federal no relatório.
Após a conclusão das investigações, a PF indiciou o ex-presidente, além de outras 11 pessoas, por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Os advogados Fabio Wajngarten e Frederico Wasseff, além do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também serão indiciados.
Em outro trecho do relatório, a PF cita que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, "recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos 25 mil dólares, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente". O objetivo seria "de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal".
A defesa de Bolsonaro não comentou o relatório da Polícia Federal. No entanto, ao longa das investigações, os advogados reiteraram que ele agiu dentro da lei e "declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens”. A defesa aponta que os itens deveriam 'compor seu acervo privado, sendo levados por ele ao fim de seu mandato'.
Moraes determina quebra de sigilo
O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou nesta segunda, 8, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) analise o relatório da PF que pediu o indiciamento de Bolsonaro e outras 11 pessoas no caso das joias sauditas. A PGR tem 15 dias para analisar o material.
A fase de indiciamento é quando a polícia (Polícia Federal neste caso) identifica que há elementos de crime. A investigação aponta que Bolsonaro praticou os seguintes crimes: peculato (apropriação de bens públicos), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Bolsonaro nega irregularidades e diz que há perseguição contra ele.
Na decisão, o ministro, relator do caso, retirou o sigilo do inquérito e determinou acesso aos advogados dos citados. Caberá à PGR se debruçar sobre o caso e decidir se aprofunda as investigações, arquiva o caso ou avança propondo uma ação judicial.