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Política

Boulos e Marta oficializam chapa à Prefeitura de SP em evento com Lula e ministros

Candidatura foi confirmada em convenção do PSOL; será a primeira vez que o PT não encabeçará uma candidatura à maior cidade do País

20 jul 2024 - 16h25
(atualizado às 17h42)
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Boulos e Marta
Boulos e Marta
Foto: GABRIEL SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) oficializou neste sábado, 20, a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo. A ex-prefeita Marta Suplicy, do PT, será a vice na chapa.

A convenção partidária da coligação "Amor por São Paulo" foi realizada no Expo Center Norte, na Vila Guilherme, zona norte da capital paulista. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros de Estado estiveram presentes no evento, reforçando a importância da eleição paulistana para o governo federal.

Neste ínterim, apoiou, inclusive, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, razão pela qual setores do próprio PT demonstraram insatisfação com o retorno dela à sigla, intermediado por Lula e confirmado em janeiro deste ano.

Marta estava no MDB e, para retornar ao PT, renunciou ao cargo de secretária municipal de Relações Internacionais. Na prática, ela debandou da gestão do emedebista Ricardo Nunes em prol de quem desponta como o principal adversário nas urnas do atual prefeito.

Mara Suplicy, vice de Boulos, é ex-secretária de Ricardo Nunes
Mara Suplicy, vice de Boulos, é ex-secretária de Ricardo Nunes
Foto: Pedro Venceslau/Estadão / Estadão

Quem é Marta Suplicy, a vice de Boulos?

Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy é formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Na década de 1980, foi apresentadora do quadro Comportamento Sexual, na TV Mulher, com o qual ganhou projeção nacional com dicas relacionadas à educação sexual.

Foi casada com o deputado estadual e ex-senador Eduardo Suplicy (PT) de 1964 a 2001. Filiou-se ao PT em 1981, mas só se candidatou a um cargo eletivo em 1994, quando foi eleita deputada federal. Na eleição geral seguinte, em 1998, foi candidata ao governo paulista, terminando em terceiro lugar. A boa votação na disputa pelo Bandeirantes cacifou Marta para uma campanha pela Prefeitura paulistana, em 2000.

Entre os feitos da sua gestão, estão as criações do Bilhete Único e dos CEUs. As medidas permanecem em vigor até hoje e serão apresentadas pela campanha de Guilherme Boulos como legados da vice para a cidade de São Paulo.

Por outro lado, também se atribui ao mandato da petista a criação excessiva de tributos, razão pela qual ficou conhecida como "Martaxa". O apelido pesou na eleição municipal seguinte, em 2004, e a mandatária perdeu a recondução ao cargo para José Serra, do PSDB. Ela tentou ainda um retorno ao cargo nos pleitos de 2008 e de 2016.

Marta também é ex-ministra de Estado. De 2007 a 2008, comandou a pasta de Turismo. Este era o cargo que ela ocupava quando fez uma declaração que abalou por anos sua imagem pública. "Relaxa e goza", sugeriu a então ministra aos turistas que enfrentavam uma crise nos aeroportos.

Ela permaneceu à frente da pasta de Turismo até 2008. Naquele ano, tentou retornar à Prefeitura de São Paulo, mas perdeu a eleição para Gilberto Kassab, do DEM. Em 2010, foi eleita senadora.

Entre 2012 e 2014, foi ministra da Cultura. Apesar de ter sido nomeada para a função por Dilma, Marta rompeu com a presidente e com o próprio partido em 2015, por meio de uma carta, na qual acusava a sigla de ter se envolvido em escândalos de corrupção. "O Partido dos Trabalhadores tem sido o protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou", escreveu Marta Suplicy no texto.

Marta Suplicy, indicada a ministra por Dilma, votou a favor da deposição da ex-presidente; autor do pedido de impeachment foi seu vice-prefeito em SP
Marta Suplicy, indicada a ministra por Dilma, votou a favor da deposição da ex-presidente; autor do pedido de impeachment foi seu vice-prefeito em SP
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

No Senado, votou a favor do pedido de impeachment contra Dilma. Além disso, um dos coautores do pedido que depôs a petista foi Hélio Bicudo, vice de Marta na Prefeitura paulistana.

Esse rompimento é considerado uma "traição" por determinados setores do PT. Apesar de não estar filiada ao partido, uma das vozes que mais se manifestou neste sentido foi Luiza Erundina, que esteve presente na convenção deste sábado.

Rusgas entre Erundina e Marta

Em 2020, durante a campanha eleitoral em que foi vice de Guilherme Boulos, Erundina queixou-se do apoio de Marta ao prefeito Bruno Covas, o principal adversário da chapa à esquerda. "Marta está apoiando Covas. Ela traiu o PT, traiu a esquerda e traiu o povo", disse Erundina.

Luiza Erundina (PSOL), companheira de chapa de Boulos em 2020
Luiza Erundina (PSOL), companheira de chapa de Boulos em 2020
Foto: Hélvio Romero/Estadão / Estadão

Um embate entre Marta e Erundina já havia ocorrido na eleição municipal anterior, de 2016. Naquele pleito, ambas eram candidatas a prefeita: Luiza Erundina, pelo PSOL, e Marta, pelo MDB. "Você apoia o governo (Michel) Temer, um governo ilegítimo e machista", disse Erundina à emedebista durante um debate televisivo promovido pela RedeTV!. "Você não passou no teste como feminista", alfinetou a candidata pelo PSOL.

A rusga entre as ex-prefeitas, em verdade, remonta ao ano em que Marta venceu a eleição. No pleito de 2000, a petista queria uma aliança com Erundina, então no PSB. O acordo não foi adiante, pois a pessebista, rompida com o PT, não arredou de uma candidatura própria. Enquanto Marta venceu Paulo Maluf no segundo turno, Erundina ficou em quinto lugar.

A reaproximação de Marta com o PT e com a pré-campanha de Guilherme Boulos foi alvo de críticas de Luiza Erundina. "Um equívoco a decisão do PT em relação a trazê-la de volta ao partido para torná-la candidata a vice", disse a deputada federal do PSOL em março, durante uma agenda com o próprio Boulos.

Por outro lado, a despeito das ressalvas, Erundina ressaltou que apoiaria a chapa ao Executivo paulistano de seu partido. "Isso já está dado. Nós temos uma chapa, estamos fazendo a campanha dessa chapa, também fazendo a campanha dos candidatos a vereadores e vereadoras", disse.

Coligação de Boulos não 'fura a bolha'

Se o grande trunfo da articulação política é o acordo com o PT, o candidato não obteve o mesmo êxito em atrair mais siglas para a sua coligação.

Ao todo, oito legendas integram a chapa. Na prática, Boulos só obteve o apoio de legendas que não furam a bolha da esquerda: o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

O apoio do PCB foi anunciado no início da convenção. Além destes, integram a coligação, por adesão automática, a Rede, que é federada ao PSOL, e PCdoB e PV, federados ao PT.

O PMB e o PCB são "nanicos" e não dispõem de acesso a recursos públicos para financiamento de campanha. O PMB, curiosamente, era o partido pleiteado por Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação durante a gestão de Jair Bolsonaro, para uma candidatura ao Executivo paulistano.

Estadão
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