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Política

Braço-direito de Bolsonaro defende repetir 'fórmula de sucesso' de Nunes para vitória em 2026

Ex-chefe da Secom, Fabio Wajngarten defende que ampla coligação que reelegeu Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo deve ser repetida para garantir a volta da direita ao Palácio do Planalto

4 nov 2024 - 14h41
(atualizado às 15h46)
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Fábio Wajngarten
Fábio Wajngarten
Foto: Nilton Fukuda/Estadão / Estadão

Um dos primeiros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a defender que o bolsonarismo não lançasse candidato próprio em São Paulo, Fabio Wajngarten defende o pragmatismo na eleição de 2026 e diz que a coligação que resultou na reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi uma "fórmula de sucesso" que precisa ser repetida.

Ex-secretário de Comunicação da Presidência no governo Bolsonaro e hoje assessor do ex-presidente, Wajngarten vê Bolsonaro mais "maduro" após dois anos longe do Palácio do Planalto e deixa um recado àqueles que se apresentam como alternativa ao ex-presidente, atualmente inelegível: "Não se pode queimar a largada porque o concorrente é desclassificado".

Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista ao Estadão.

O sr. foi um dos primeiros bolsonaristas a defender a adesão à candidatura de Ricardo Nunes. Esse pragmatismo deve se repetir em 2026?

Estou sempre trabalhando para que as forças de direita e de centro-direita caminhem juntas para derrotar a proposta de esquerda no País. Mas 2026 ainda está longe, e é preciso ver se conseguiremos repetir a aliança que resultou na reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Foi uma fórmula de sucesso que deu resultado e, portanto, precisa ser muito bem avaliada e repetida.

Qual partido deve ser prioridade para o bolsonarismo atrair em 2026?

Todas as legendas do espectro partidário de direita e centro-direita que forem capazes de gerar resultados positivos — votos — para a direita são bem-vindas. Feio é perder eleição. Em 2026, não podemos perder a eleição presidencial, nem as disputas pelos governos estaduais e pelo Congresso Nacional. O Brasil não pode continuar sob o comando de forças de esquerda, retrógradas, antidemocráticas e inconsequentes.

O PSD foi o partido que mais conquistou prefeituras e há um incômodo do bolsonarismo com a figura do Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda. Alguns até o acusam de usar a estrutura do governo de São Paulo para promover seu partido. O ex-presidente deve se aproximar de Kassab?

A questão do PSD é o projeto no qual ele está se engajando em nível nacional. O partido ocupa três ministérios no governo Lula, de forma ativa e atuante. Isso é muito diferente da postura de outros partidos de centro, que votam em alguns projetos importantes para o País, mas não participam da gestão petista nem a defendem publicamente, como faz o PSD. Mas até 2026 muita coisa pode acontecer.

Tarcísio erra ao mantê-lo como um homem poderoso do governo?

A opção de aliança partidária e, mais ainda, da composição do governo, é prerrogativa exclusiva do governador Tarcísio. Ele é o dono da caneta, conquistada nas urnas com o incentivo e apoio do presidente Bolsonaro. Não me cabe fazer qualquer comentário sobre isso.

Analistas têm dito que o grande vencedor da eleição municipal foi o centro. O PL tinha a expectativa de fazer mais de mil prefeituras, mas terminou com pouco mais de 500. No segundo turno, teve derrotas importantes, como em Fortaleza, Belo Horizonte e Goiânia. A que o senhor atribui esses resultados?

Em primeiro lugar, entendo que o PL foi um dos partidos mais vitoriosos nas eleições municipais. O partido elegeu 517 prefeitos — 166 a mais do que em 2020 — e 4.961 vereadores. Foi o maior vencedor em grandes cidades com mais de 200 mil eleitores, saltando de duas vitórias em 2020 para 16 em 2024. Ganhou a eleição em quatro capitais: a reeleição de JHC em Maceió, Tião Bocalom em Rio Branco, além de Abílio Brunini, em Cuiabá, e Emília Corrêa, em Aracaju. E não só isso. O PL foi o partido com mais votos para prefeito em 2024, somando 19,9 milhões de votos no primeiro e segundo turnos. E tudo isso enfrentando uma dificuldade que nenhum outro partido teve: o impedimento judicial que proibiu o presidente de honra do partido, o presidente Bolsonaro, de falar com o comandante do partido, Valdemar Costa Neto. Tenho certeza de que, sem essa restrição legal, o partido teria chegado a mil prefeitos.

O que a direita, em especial o bolsonarismo, precisa fazer de diferente em 2026?

Continuar trabalhando junto à população, levando a proposta conservadora na economia e nos costumes, reafirmar a liderança inconteste do presidente Bolsonaro e se preparar para 2026. É importante registrar que o movimento vem amadurecendo e aprendendo, e o resultado disso é que, a cada eleição, avançamos mais. Fizemos mais alianças, estabelecemos novos diálogos partidários e ampliamos nossa presença nos municípios brasileiros. O mapa eleitoral do último domingo evidencia isso, como mostrei com os resultados do PL.

Como o senhor vê a movimentação de governadores para se posicionarem como sucessores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível? Nomes como Caiado, Ratinho e Tarcísio têm se destacado nesse cenário.

O candidato à Presidência da República para 2026 é o presidente Bolsonaro. Não há outro nome no campo da direita e centro-direita. Até lá, ele irá recuperar sua elegibilidade, um direito de todo cidadão. Não é justo condená-lo por ter realizado uma reunião oficial com embaixadores. Entendo também que outras lideranças, como os governadores citados, têm o direito de almejar isso, mas não se pode queimar a largada porque o concorrente está desclassificado.

Pablo Marçal foi um dos destaques dessa eleição e mostrou que eleitores de direita nem sempre seguem a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Como o campo bolsonarista deve lidar com Marçal daqui para frente?

Dancinhas e likes não elegem ninguém. É preciso muito mais: é preciso ter conteúdo, seriedade e respeito à inteligência do eleitor. A população não tolera mentirosos. A mentira pode persistir minutos, horas, dias, mas sempre é derrotada pela verdade. A campanha dele foi marcada por inverdades e animadores de auditório, com uso abusivo e ilegal das redes sociais. Seria melhor para ele participar de um quadro na TV no sábado à noite.

Já se passaram quase dois anos desde que Bolsonaro deixou a Presidência. O senhor percebe alguma mudança nele desde então?

Tenho o privilégio e a honra de conviver com o presidente Bolsonaro e de ter a sua confiança. Nestes dois anos, percebi claramente que ele amadureceu muito. Conversa muito mais, e melhor, e dialoga com públicos diferentes. Em alguns casos, chegou a manter diálogo com antigos críticos ao seu governo. Também está mais comedido em suas falas e tem ouvido com mais atenção a orientação de sua defesa. O presidente já afirmou que, em uma futura volta, comporia no Palácio do Planalto um grupo de assessores diretos mais sênior, experiente e político. E certamente terá uma uma relação com a mídia e imprensa diferente também do que foi no seu governo.

Quais as suas expectativas para a eleição ao Senado em 2026 e qual a importância dessa disputa para o bolsonarismo?

O presidente Bolsonaro tem destacado a importância da eleição para o Senado em 2026, visando ampliar a bancada do PL e de partidos aliados na renovação de dois terços da Casa. Desde já, alguns nomes representativos e ligados ao bolsonarismo estão sendo trabalhados para elegermos o maior número possível de senadores.

Que nomes o senhor considera fortes candidatos para essa disputa?

Em todos os 26 Estados e no Distrito Federal, o PL e seus aliados têm grandes nomes. Aqui em São Paulo, temos Eduardo Bolsonaro; no Rio de Janeiro, a reeleição do Flávio (Bolsonaro); em Brasília, Michelle Bolsonaro (ex-primeira-dama); e no Paraná, Felipe Barros — apenas aí já são quatro nomes fortemente identificados com o bolsonarismo.

PT e PL anunciaram o apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. O senhor entende que foi a melhor decisão, tendo em vista que Arthur Lira tirou o PL da Anistia da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é fundamental para reverter a inelegibilidade do ex-presidente, atrasando o processo?

O presidente da Câmara, Arthur Lira, tomou a melhor decisão, e a rápida adesão dos partidos à candidatura do deputado Hugo Motta mostra o acerto dessa escolha, fundamentada no conhecimento que ele tem de seus pares. É importante registrar que ele conversou com o presidente Bolsonaro, trocou ideias e avaliações sobre os cenários políticos e contou com o apoio do presidente para tocar o nome de seu candidato. A criação da Comissão Especial para discutir a anistia àqueles condenados injustamente por estarem no 8/1 ajudou a desanuviar o clima de disputa eleitoral pela presidência da Câmara em 2025 e dará mais tempo para uma boa proposta.

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