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Política

Brasil Fala: cidadãos embarcam em projeto que aposta no diálogo entre quem pensa diferente

Projeto busca conectar brasileiros com visões distintas para conversas online. 'Espero que alguém me mostre que há algo do outro lado para aproveitar', diz participante

13 jul 2024 - 18h37
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A polarização política invadiu o cotidiano de muita gente no Brasil. A professora de história Roxana Maria Filetti conta que a relação com seu enteado foi impactada por discordâncias políticas. "Chegou ao ponto em que ele parou de falar comigo. Mando mensagens, mas ele não responde", diz. Mesmo assim, ela acredita que o diálogo com quem pensa diferente é essencial para fortalecer a democracia.

Foi essa convicção que levou a professora de 67 anos a se inscrever no projeto O Brasil Fala. A iniciativa busca conectar brasileiros com visões distintas para conversas online, com a premissa de que o diálogo entre pessoas de pensamentos diferentes pode aumentar a tolerância, especialmente em um momento em que as redes sociais criam bolhas digitais que isolam as pessoas.

"Espero que alguém me mostre que há algo do outro lado para restaurar, aproveitar e juntar forças. Precisamos acabar com esse radicalismo no País", diz Roxana. Ela acrescenta que quer entender quem discorda de alguns pontos importantes para ela e que busca ouvir argumentos que possam até fazê-la repensar suas próprias ideias e expectativas. A professora se define como moderada e comprometida com a justiça social.

O psicólogo Gustavo Carvalho, de 27 anos, também se inscreveu no projeto para encontrar pessoas abertas ao diálogo. "Aqui em Brasília, o clima é muito polarizado, quase como times de futebol. Temos bolsonaristas e petistas defendendo suas posições de forma fervorosa. Isso torna o diálogo difícil", conta. Ele explica que se considera um "liberal social", o que dificulta conversas tanto com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto com os do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O diálogo é difícil de ambos os lados, porque as pessoas frequentemente julgam e estereotipam com base em rótulos políticos", avalia Carvalho. Ele espera que o projeto atraia pessoas dispostas a conversar e não apenas a reafirmar suas próprias convicções. "Idealmente, gostaria que isso contribuísse para o desenvolvimento de políticas públicas, mas ficarei satisfeito se conseguir fazer amizades e ter discussões construtivas sobre política."

Conheça o projeto

Sob o título de O Brasil Fala, a versão nacional de My Country Talks é executada no País pelo Instituto Sivis, com a orientação de pesquisadores da Universidade Stanford. O Estadão, a revista Carta Capital, o jornal Gazeta do Povo e o site jurídico Jota são os veículos apoiadores da iniciativa, que também tem suporte do instituto RenovaBR. "Nossa proposta é promover uma alternativa focada na construção e no diálogo, em vez de destruição ou diminuição do outro lado", afirma o diretor de Relações Institucionais do Instituto Sivis, Jamil Assis.

Lançado no fim de junho, o projeto tem um objetivo simples e ousado: conectar pessoas com posições contrárias para conversas online sobre suas opiniões e visões de mundo. Os encontros ocorrem entre dois participantes por meio de chamadas de vídeo em uma plataforma customizada.

Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades Harvard e Stanford demonstrou que conversas entre duas pessoas são eficazes para aumentar a tolerância entre indivíduos com posições opostas. Mais de 90% dos milhares de participantes da pesquisa relataram ter desfrutado da conversa que tiveram com alguém com quem discordavam em diversas questões políticas.

Como participar

  1. Acesse o formulário de registro através deste link;
  2. Após o registro, você receberá um convite para agendar um horário para a conversa e para responder ao questionário de posicionamento político, composto por questões sobre temas do debate político nacional;
  3. Você será notificado por WhatsApp ou e-mail assim que for encontrado um horário para a sua conversa;
  4. Com base nas suas respostas, um algoritmo da plataforma realizará o pareamento com uma pessoa que tenha opiniões políticas divergentes das suas;
  5. Caso não haja um match imediato, outras opções poderão ser disponibilizadas depois;
  6. Durante a conversa, você poderá decidir se deseja continuar ou encerrar o diálogo a qualquer momento.

A plataforma customizada tem diversas medidas de segurança. Durante a inscrição, os participantes respondem perguntas de sim ou não e explicam suas motivações. Após o pareamento, recebem um link e têm acesso ao perfil da outra pessoa. Se não se sentirem confortáveis por qualquer motivo com o perfil, interesses ou discordâncias, podem sair da conversa imediatamente. Os participantes devem ser maiores de 18 anos.

Estadão
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