Brasil se compromete a continuar cooperando com Haiti após missão de paz
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, assegurou neste sábado que o Brasil continuará cooperando com o Haiti após a retirada em outubro da Missão de Estabilização das Nações Unidas nesse país (Minustah).
Em Porto Príncipe, o ministro brasileiro se declarou hoje orgulhoso do papel do país na Missão da ONU no Haiti nestes últimos 13 anos.
"Para nós, cumprimos a missão com muito profissionalismo e coragem. O Haiti está estável hoje e está dando grandes passos para um futuro melhor", destacou.
Nunes fez essas declarações em um encontro com o primeiro-ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant, no último de dois dias de visita oficial ao país do Caribe.
O chanceler garantiu que o Brasil, que contribui com o maior número de soldados à Minustah, continuará ao lado do povo haitiano além da missão de paz.
"Após outubro o Brasil seguirá apoiando o Haiti. As relações entre os países são muito fortes e o Brasil está muito contente de apoiar o Haiti", acrescentou.
Por sua vez, o premiê haitiano agradeceu ao Brasil pelo apoio ao processo de paz em seu país.
"O Brasil não só foi parte da Minustah, temos cooperações mais amplas", ressaltou, para depois frisar que no encontro de hoje com Nunes foram identificados outros pontos de cooperação.
"Temos confiança de que vamos poder colaborar em vários temas como segurança, saúde e agricultura. Há muitas coisas que podemos aprender do Brasil e temos confiança de que vamos continuar as cooperações", completou.
Aloysio Nunes participou ontem, pouco após chegar ao Haiti, da cerimônia de passagem de comando do 25º ao 26º e último contingente militar de tropas brasileiras que fará parte da Minustah.
O ministro da Defesa, Raúl Jungmann, se despediu ontem dos 250 soldados que compõem este último contingente, como parte dos 37.500 militares que o país contribuiu com a Minustah nos 13 anos de missão.
O Conselho de Segurança da ONU decidiu no último mês de abril pôr fim à missão no Haiti no próximo dia 15 de outubro, e retirará todos os capacetes azuis para deixar uma pequena presença policial nesse país, batizada como Minujusth, que se centrará em apoiar à polícia haitiana, promover o Estado de direito e vigiar o respeito dos direitos humanos.
Esta nova missão não terá pessoal militar e será muito mais reduzida, composta por um máximo de sete unidades de polícia constituída e 295 agentes.
A Minustah foi implementada em 2004 com o fim de apoiar ao Haiti depois que um movimento armado derrubou o então presidente, Jean-Bertrand Aristide, e reforçada para ajudar o país a recuperar-se após o terremoto de 2010.
Apesar ser considerada a missão de paz de maior duração e mobilização de tropas, bem como a mais exitosa, da qual participou o Brasil, a Minustah também foi alvo de críticas pelo seu elevado custo para o país e pelo número de baixas.
Segundo o Ministério de Defesa, o Brasil investiu R$ 2,55 bilhões na Minustah, mas a ONU, por enquanto, só reembolsou R$ 931 milhões ao país.
Em relação às perdas humanas, 25 militares brasileiros morreram durante a missão, 18 deles no terremoto de 2010.