"Cadê Queiroz?", questiona Lula em entrevista a jornais
"Cadê aquele cidadão dos R$ 7 milhões, ligado a Flávio Bolsonaro?", perguntou durante entrevista aos jornais El Pais e Folha
Em entrevista aos jornais El País e Folha de S.Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o tratamento diferenciado dado a ele e ao presidente Jair Bolsonaro. "Eu estou achando estranho essa tal dessa milícia do Bolsonaro. Cadê aquele cidadão dos R$ 7 milhões Fabrício Queiroz, ligado a Flávio Bolsonaro? Cadê a imprensa que não está atrás do Queiroz? Então, é o seguinte, o Brasil tem dois pesos e duas medidas", afirmou. "Eu, ex-presidente da República, sem nenhuma prova, foram na minha casa, recebi vários policiais. O seu Queiroz não atendeu a nenhum pedido para depor no Ministério Público e a Polícia Federal não foi buscar ele ainda", disse Lula.
Lula também criticou o que chamou de complexo de vira-lata do atual presidente. "No dia em que eu sair daqui, eles sabem, eu estarei com o pé na estrada. Para, junto com esse povo, levantar a cabeça e não deixar entregar o Brasil aos americanos. Para acabar com esse complexo de vira-lata. Eu nunca vi um presidente bater continência para a bandeira americana como fez Bolsonaro. Eu nunca vi um presidente ficar dizendo 'eu amo os EUA, eu amo'. Ama a sua mãe, ama o seu país! Que ama os Estados Unidos! Alguém acha que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?", pergunta.
O ex-presidente do Brasil, de 2003 a 2011, disse que não esperava que Bolsonaro fosse resolver o problema do País em quatro meses. "Quem acha que em cem dias pode apresentar alguma coisa, realmente não aprendeu a sentar a bunda na cadeira. E, depois, com a família que ele tem. Com a loucura que tem. Quem é o primeiro inimigo que ele tem? É o vice general Hamilton Mourão. Ele Bolsonaro passa a agredir os deputados, depois tenta agradar os deputados. Diz que está fazendo a nova política e a política que ele faz é a mesma porque ele é um velho político."
80 tiros
Lula também criticou o posicionamento do governo no episódio em que policiais militares fuzilaram um carro de família no Rio com mais de 80 tiros, no início de abril, matando o músico Evaldo dos Santos Rosa, e o catador que foi ajudar a família baleada, Luciano Macedo. "Os policiais do Exército dão 80 tiros num carro, matam um negro. E vai a imprensa perguntar para o ministro da Justiça Alexandre de Moraes e ele fala: 'Isso pode acontecer'. É por isso que eu não tenho o direito de baixar a cabeça, de ficar esmorecido, fraquejar. Eu estou mais tinhoso que nunca.
Moro
O ex-presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha e ao jornal El País, ter obsessão para "desmascarar" o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, responsável por sua condenação no caso do tríplex de Guarujá (SP). "Eu tenho uma obsessão", afirmou. "Se as pessoas não confessarem agora, no dia da extrema-unção vão confessar. Ele Moro tem certeza que eu sou inocente."
Lula também afirmou que, na atual gestão Jair Bolsonaro (PSL), o Brasil está sendo governado por "um bando de maluco".
Após uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo presidente da corte, Dias Toffoli, o petista recebeu os dois veículos, em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado.
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