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Política

Caiado elege 210 aliados, mas frustra em duas das maiores cidades de Goiás sob sombra de Bolsonaro

Governador disputou com ex-presidente Jair Bolsonaro nos três maiores colégios eleitorais de Goiás; candidatos apoiados pelo governo passaram para o segundo turno contra bolsonaristas em Goiânia e Aparecida e Goiânia, mas aliada em Anapólis perdeu para PT e PL

8 out 2024 - 17h12
(atualizado às 17h42)
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BRASÍLIA - O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem um trunfo nas eleições deste ano para exibir aos seus eleitores e aliados. O apoio do Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, contribuiu para a eleição de 210 prefeitos em um Estado que tem 246 municípios. As estimativas são do próprio governo. Mas os resultados em duas das três maiores cidades de Goiás, incluindo a joia da coroa, a capital Goiânia, podem ofuscar a vitória do governador que ostenta o título de mais bem avaliado do País, com 75% de aprovação, segundo pesquisa AtlasIntel publicada em agosto.

O resultado do primeiro turno na capital de Goiás foi um baque para o caiadismo. Diferentemente do que indicavam todas as pesquisas de intenção de voto divulgas até o último sábado, 5, o primeiro colocado na etapa inicial da disputa foi o deputado estadual Fred Rodrigues (PL), com 31% dos votos. O parlamentar é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que demarcou a diferença entre a direita de Caiado e a que ele representa ao chamar o governador de "covarde" pela atuação na pandemia.

Interlocutores de Caiado afirmaram terem identificado em pesquisas internas que Fred cresceu na reta final do primeiro turno, porém não era esperado que ele ficasse à frente do ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil), nome do governo estadual em Goiânia, que terminou com 27% dos votos. O cenário ideal para os aliados do governador era disputar o segundo turno contra a deputada federal Adriana Accorsi (PT), que ficou em terceiro lugar com 24% dos votos.

A campanha de Mabel e o entorno de Caiado consideravam Adriana uma adversária mais fácil de ser vencida por causa da rejeição do PT em Goiânia. Agora, é justamente a busca pelos votos petistas que despertam os ataques mais intensos de Fred. O candidato bolsonarista propaga o discurso de que Mabel e o governador não representam a direita "verdadeira" e que, na verdade, são a manutenção do PT na disputa municipal.

Caiado, por sua vez, descarta a possibilidade de fechar uma aliança formal com o PT no segundo turno, mas declarou que vai em busca de todos os votos, inclusive os de Adriana Accorsi. É com este cenário que Bolsonaro participará de um comício em Goiânia na próxima sexta-feira, 11. A equipe do governador espera novos ataques do ex-presidente e da campanha de Fred. A estratégia do Palácio das Esmeraldas para vencer a mobilização bolsonarista no segundo turno é tirar a disputa do plano ideológico para focar nos problemas da cidade.

Dois dias após perder a eleição, o atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), exonerou e dispensou cerca de 2 mil comissionados e servidores em funções de confiança. A equipe de Caiado avalia que a decisão do prefeito vai causar uma pane nos serviços públicos de Goiânia até o fim do ano e que para resolver a situação é preciso "gestão e experiência" em vez de ideologia. O discurso que os aliados do governador construirão junto aos marketeiros de Mabel é de que nada adianta ser o mais à direita quando a cidade está em colapso e não há experiência.

Ao mesmo tempo, Caiado mobiliza o discurso de que ele não é "recém convertido à direita" e, nos bastidores, diz que atua neste campo desde "quando tudo era mato". "Nunca votei no Lula, ao contrário do nosso adversário", afirmou em vídeo publicado nas redes sociais em alusão a Fred Rodrigues e a Bolsonaro, que já declararam ter votado no presidente em eleições passadas.

Para além da disputa na capital, o governador também teve resultado negativo na sua cidade natal, Anápolis. A candidata apoiada pelo governo, Erizania Freitas (União Brasil), teve 10% dos votos e ficou em terceiro lugar na disputa, atrás de Antonio Gomide (PT), com 35,45% dos votos, e Marcio Correa (PL), que quase foi eleito no primeiro turno com 49,59% dos votos.

O governo de Goiás já esperava o resultado negativo em Anápolis diante da má avaliação do atual prefeito, que foi associado à candidata Erizania. Ainda assim, a vitória de Bolsonaro na terceira maior cidade do Estado, onde nasceu o governador, reforça a disputa cada vez maior entre os dois políticos por espaço na direita. Caiado não apoiará nenhum dos dois candidatos que passaram para o segundo turno.

Mas, entre os dois resultados frustrantes, Caiado conseguiu uma vitória importante na segunda maior cidade de Goiás. Em Aparecida de Goiânia, o candidato apoiado pelo governo, Leandro Vilela (MDB), passou na frente para o segundo turno, com 48% dos votos, contra o professor Alcides (PL), que alcançou 43% dos votos. O candidato do PL teve forte apoio de Bolsonaro e contará novamente com a presença do ex-presidente em sua campanha no segundo turno.

Interlocutores de Caiado consideram fundamental cravar a vitória em Aparecida, onda há situação mais confortável, por causa do do cenário de disputas tão diretas com Bolsonaro.

Estadão
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