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Política

Câmara do Rio de Janeiro cassa mandato de Gabriel Monteiro por quebra de decoro parlamentar

Ao todo, 48 vereadores votaram pela cassação do mandato e dois foram contra

18 ago 2022 - 22h28
(atualizado às 23h09)
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Gabriel Monteiro teve mandato cassado
Gabriel Monteiro teve mandato cassado
Foto: Reprodução/TV Câmara

A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro votou, na noite desta quinta-feira, 18, pela cassação do vereador Gabriel Monteiro, com placar de 48 a favor, e dois contra - sendo o ex-policial um deles. Somente Carlos Bolsonaro (Republicanos) não votou.

Monteiro estava no centro de um processo na Câmara motivado pela acusação de quebrar de várias formas o decoro parlamentar. A sessão, marcada após a Comissão de Justiça e Redação da Câmara rejeitar o recurso da defesa de Monteiro contra o relatório do Conselho de Ética, começou às 16h e durou pouco mais de 8 horas. As acusações contra o vereador incluem supostos casos de assédio moral e sexual, estupro, manipulação de vídeos, entre outras condutas. 

Vereadores decidiram por cassação de mandato de Gabriel Monteiro
Vereadores decidiram por cassação de mandato de Gabriel Monteiro
Foto: Reprodução/TV Câmara

O parlamentar atribui essas alegações a adversários, supostamente para "destruí-lo". O vereador também afirma ter contrariado interesses de uma suposta "máfia do reboque".

Gabriel Monteiro se defende

Após mais de sete horas de sessão, Monteiro subiu ao plenário e iniciou seu discurso de defesa, alegando que “não é uma pessoa ruim”, e que seus assessores “sabem no íntimo que ele não é pedófilo ou estuprador”. Monteiro foi acusado de estuprar uma jovem usando uma arma de fogo para ameaçá-la. 

O vereador também usa como suporte de sua defesa, na sessão, a presença da mãe de uma adolescente de 15 anos gravada em cenas de sexo com Gabriel. A mulher estava junto a outras pessoas que o defendiam.

Em um dado momento da sua defesa, Monteiro afirmou que estava a caminho da “cadeira elétrica”, caso tivesse seu mandato cassado. “Tirar o meu mandato, é decretar pra mim, para a minha honra e moral, a minha morte. Por mais que seja estranho se auto elogiar,  eu não tenho um coração ruim, eu procuro fazer o bem”, se defendeu. 

Advogado atacou Chico Alencar

Pouco antes de Monteiro, o advogado dele, Sandro Figueiredo, atacou o relatório do vereador Chico Alencar. O advogado alegou que Monteiro teve o direito de se defender cerceado pelo Conselho de Ética, pois não pôde participar das audiências das testemunhas — tanto de acusação quanto de defesa.

Ele apontou que Alencar retirou das acusações finais as denúncias de assédio moral e de estupro por não fazerem parte do início da discussão, apesar de fazer questão de expô-las.

“O que estranho é ter denúncia de estupro contra Gabriel logo após ter dado voz de prisão a uma quadrilha, a máfia dos reboques”, declarou Figueirdo.

O advogado alegou que o vereador foi cobrado por propina de R$ 200 mil por mês. Além disso, Figueiredo afirmou também que Monteiro não sabia que a jovem com quem foi gravado em momentos íntimos era menor de  idade. 

Além disso, Figueiredo sustentou a alegação de que o parlamentar não sabia que a adolescente de 15 anos, filmada em cena de sexo, era menor de idade. “Ela estava [a adolescente] trabalhando na rua. É o mandato desse vereador que querem cassar” afirmou. 

O advogado ainda tratou edição de vídeo e manipulação de conteúdo da mesma forma, afirmando que manipular vídeo "não é crime”. 

Sessão tumultuada

Durante a sessão, apoiadores e opositores de Monteiro travaram um embate nas galerias do plenário. O grupo a favor do ex-vereador vaiava e gritava em alguns momentos para atrapalhar os parlamentares que discursavam contra ele. Já os opositores, traziam faixas com os dizeres “vereadores, imaginem se fosse a filha de vocês”. 

A viúva de Marielle Franco, Monica Benicio (PSOL), afirmou em seu discurso que na Câmara não há lugar para estupradores, e chegou a ser vaiada por apoiadores de Gabriel. Interrompido diversas vezes ela ainda disse afirma que é vergonhoso para um vereador ter sua imagem associada a acusação de crimes como estupro, e frisou que também seria vergonhoso se a Câmara não decidisse pela cassação dele.

Além dela, Felipe Michel (Progressistas) também defendeu a cassação, alegando que, mesmo tendo o vereador acusado como filho, não poderia “passar a mão em sua cabeça”, pois uma de duas filhas foi vítima de tentativa de estupro quando entrou na faculdade.

“Tenho duas filhas e mulher. Gosto do vereador Gabriel Monteiro, mas essa situação é insustentável. Assim que Gabriel chegou na Câmara gostei muito pela rede social dele, achei que os holofotes ajudariam a colaborar muito com a gente. Seu trabalho é importante, mas tem que ter sabedoria. Não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém. Olho para ele como um filho. Quem nunca errou que atire a primeira pedra, mas se filho errar não posso passar a mão na cabeça. Tudo na vida tem um preço – afirmou Michel.

Ao final dos discursos dos parlamentares e também do ex-policial, deu-se início a votação. Além do próprio Monteiro, somente o vereador Chagas Bola (União), suplente do ex-vereador Jairinho, o primeiro cassado na história da Câmara Municipal do Rio, votou contra a cassação. Somente Carlos Bolsonaro não votou, e os demais parlamentares decidiram pelo final do mandado de Monteiro.

Fonte: Redação Terra
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