Campos anuncia candidatura de secretário ao governo de PE
Ao lado de 11 partidos da Frente Popular, o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), anunciou oficialmente nesta segunda-feira, em um auditório lotado em um hotel na zona sul do Recife, o candidato ao governo de Pernambuco, o secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara (PSB). Em clima de campanha, Campos aproveitou a cerimônia para criticar à gestão de Dilma Rousseff (PT).
Em um discurso inflamado, Campos se emocionou ao lembrar o avô, Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, que morreu em 2005. "Na campanha de 2006 eu tive uma pessoa de cabeça branca para me asseverar, naquela altura eu já não tinha a companhia do dr. Arraes", afirmou, com a voz embargada.
"Eu assevero por Paulo Câmara. Eu garanto por Paulo Câmara. Eu escolhi nesse processo não ter lado, nem posição. O processo me convenceu pela razão e pelo coração que fizemos a melhor aposta", declarou Campos, afirmando que bancará o sucessor como fez com o atual prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB).
Inseguro, Câmara parafraseou o atual prefeito do Recife na sua candidatura em 2012 e não empolgou o auditório. "Serei o primeiro a acordar e o último a dormir nesta jornada." O candidato agradeceu o apoio do governador e disse saber onde estava pisando. "Sei o que é controlar, legislar e fazer, porque o Executivo é isso: fazer. E sei o que tem que ser feito."
Desconhecido da população pernambucana, Paulo Câmara disse que, logo após o Carnaval, discutiria o desligamento da Secretaria Estadual da Fazenda, o que deve ocorrer ainda em marçom, para se dedicar exclusivamente ao projeto partidário. Após a saída, Câmara cumprirá uma extensa agenda pelo Estado, mas o cronograma ainda não foi definido. O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, deverá fechar as primeiras datas e locais nos próximos dias. Por ora, está certa a participação intensa do candidato no Carnaval.
O deputado federal e candidato a vice, Raul Henry (PMDB), disse que a chapa possuía dois objetivos – um de cunho regional e outro nacional. “Dar continuidade ao governo que honrou com todos os compromissos com o povo de Pernambuco” e “encerrar este ciclo político que já deu sinais de esgotamento e não acrescentou em nada nos últimos anos”, declarou o peemedebista, que historicamente é adversário do PT.
Participaram do ato PSB, PSDB, PMDB, PSD, PPL, PDT, PR, PTN, PPS, PCdoB e PV. A meta da Frente Popular para esta eleição é ousada: 20 assentos na Câmara dos Deputados e 40 na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
A surpresa do evento foi a presença do vice-governador João Lyra Neto (PSB), que, ao ser preterido à sucessão estadual, estava insatisfeito. Durante todo o final de semana, enquanto socialistas estavam em campanha pró-Câmara, ele ficou recluso junto a família. Lyra Neto assumirá o Governo a partir de abril, quando Campos se desincompatibilizará do cargo.
Críticas
Recebido sob os gritos de “Brasil para frente, Eduardo presidente!”, o presidenciável Eduardo Campos fez uma breve retrospectiva histórica. Citou o suicídio de Getúlio Vargas (1954), o golpe militar (1964), as Diretas Já (1984) e o processo de estabilização econômico (1994) para enaltecer a importância deste ano para o Brasil e não poupou críticas a política macroeconômica do governo do PT.
“Não vamos fazer o debate da velha rinha, sem conteúdo, não vamos negar o que foi feito certo, mas vamos criticar o que está errado. E isso incomoda aqueles que não conseguem ouvir”, ironizou ele. “Temos um baixo crescimento macroeconômico, a indústria a cada ano é menor, deixamos de priorizar a reforma agrária e a situação da concentração de renda piorou”, pontuou Campos.
O ex-ministro da Integração Nacional e candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho (PSB), enalteceu a figura de Campos. “Essa não é uma eleição qualquer. Pernambuco pela primeira vez na história apresentar um filho seu - nascido e formado na política no Estado. Essa eleição é uma eleição de todo especial”, afirmou o ex-ministro.