Carlos Bolsonaro diz que deixará redes sociais do pai: 'Não acredito mais no que me trouxe até aqui'
Filho '02' do ex-presidente Jair Bolsonaro afirma ter sido 'tratado de modo que nem um rato mereceria'
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que deixará de administrar as redes sociais do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Carlos foi o responsável por criar e comandar as redes de Bolsonaro por mais de dez anos. Em postagens em suas redes sociais neste domingo, 16, o vereador escreveu que "em breve chegará o fim deste ciclo de vida".
O vereador ainda desabafou, afirmando que "pessoas ruins" estariam ganhando com seu trabalho e que ele teria sido "tratado de modo que nem um rato mereceria". "Não acredito mais no que me trouxe até aqui", acrescentou Carlos.
Após mais de uma década à frente e ter criado as redes sociais de @jairbolsonaro , informo que muito em breve chegará o fim deste ciclo de vida VOLUNTARIADO. Pessoas ruins se dizem as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade e isso não é excessão aqui.
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) April 16, 2023
Ainda assim, disse que não sairá "sem avisar". "(Foram) anos de muita satisfação pessoal e tenho certeza de que de muita valia para pessoas boas e também às mais ingratas e sonsas", escreveu o vereador.
Campanha
Como mostrou o Estadão, Bolsonaro apostou em Carlos para a campanha nas redes sociais durante as eleições de 2022. Mesmo aceitando o trabalho de marqueteiros profissionais, os bolsonaristas mais ligados à "direita raiz" e o próprio presidente contaram com o trabalho de redes sociais do filho "02?, a quem já respondiam os integrantes do grupo conhecido como "gabinete do ódio".
Durante a disputa de segundo turno, Carlos chegou a ser acusado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de usar as redes sociais para promover um "ecossistema de desinformação" para beneficiar o pai.
Michelle
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, e o marido pararam de se seguir no Instagram depois da derrota do ex-presidente na eleição de 2022. Michelle, no entanto, declarou que ela e o marido seguiam "firmes e unidos". "Conforme o Jair já explicou em várias 'lives', quem administra essa rede não é ele", acrescentou.
Carlos já tinha uma relação conturbada com Michelle, que inclusive restringiu sua presença no Palácio da Alvorada. Eles se desentenderam também durante a campanha de 2022 e a então primeira-dama chegou a pedir que o vereador se retirasse de uma reunião com Jair e outros integrantes do grupo no Palácio do Planalto. Depois disso, Carlos não acompanhou o pai no debate de segundo turno na Globo, no dia 28 de outubro.
Ainda em 2019, o "gabinete do ódio" já causava divisões na família Bolsonaro. À época, além dos desentendimentos com Michelle, a postura de confronto tomada por Carlos nas redes levou também ao seu afastamento do irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que costumava apresentar uma postura mais conciliadora.