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Política

Castro pede ao STJ anulação de relatório da PF com indiciamento: 'Condução arbitrária e ilegal'

Defesa do governador do Rio de Janeiro argumenta que Castro deveria ter sido ouvido no decorrer da investigação; PF ainda não se manifestou

31 jul 2024 - 17h39
(atualizado às 20h18)
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Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, durante entrevista em sala no palácio da Guanabara.
Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, durante entrevista em sala no palácio da Guanabara.
Foto: PEDRO KIRILOS/ESTADÃO / Estadão

RIO - A defesa do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta terça-feira, 30, o cancelamento do relatório da Polícia Federal (PF) que defende o indiciamento e afastamento do chefe do Executivo fluminense. Os advogados de Castro dizem que o delegado do caso descumpriu uma instrução normativa da própria PF, que prevê que investigados só podem ser indiciados após terem a chance de ser interrogados, e tratam a condução da investigação como "arbitrária e ilegal".

Os advogados do governador pedem que Castro seja ouvido pela PF, a substituição da autoridade policial que esteve à frente do inquérito e a apuração do vazamento de informações sobre o indiciamento. Para a defesa do mandatário, a conduta do delegado da PF configura abuso de autoridade e "escancara o viés arbitrário e político do rumo das investigações".

"Na manhã de terça-feira, despertamos com notícias na mídia escrita e falada dando conta do encerramento das investigações do presente inquérito policial, bem como do indiciamento do ora requerente, evidenciando novo e lamentável episódio de vazamento do procedimento sigiloso. Causou estranheza o fato de que em momento algum, enquanto advogados devidamente constituídos, tivéssemos conhecimento do encerramento das investigações e do indiciamento (arbitrário) do peticionário, governador de Estado, ainda que as matérias jornalísticas mencionem que isso ocorreu há cerca de um mês", argumenta trecho da petição protocolada no STJ.

A defesa alega que a instrução Normativa nº 255/2023-DG/PF, de 20 de julho de 2023, que regulamenta a atividade de polícia judiciária da Polícia Federal, determina que o delegado só poderá propor um indiciamento indireto quando não for possível interrogar o investigado, o que, segundo a defesa, não é o caso do governador.

Os advogados citam o artigo 6º, inciso V, do Código de Processo Penal, que prevê a exigência de oitiva dos investigados, e recorrem a uma jurisdição do Supremo Tribunal Federal (STF), que, por meio do ministro Celso de Mello, entendeu, em manifestação anterior, "que o investigado não pode ser tratado como mero objeto dentro das investigações". O Estadão procurou a Polícia Federal, que ainda não se manifestou sobre o pedido dos advogados.

"Agir assim, de forma ilegal, caracteriza excesso e quiçá, permissa vênia, abuso de autoridade, o qual merece análise e apuração; parece-nos de uma obviedade absoluta que ao investigado seja dada a oportunidade de ser interrogado para assim esclarecer os fatos e apresentar provas da sua inocência", dizem.

A defesa de Cláudio Castro também pleiteia que seja disponibilizada cópia do relatório final da Polícia Federal, assim como o acesso aos autos. O caso tramita em sigilo no STJ e o relator é o ministro Raul Araújo. O pedido de cancelamento do relatório é assinado pelos advogados Daniel Leon Bialski, Bruno Garcia Borragine, Luís Felipe D'Alóia, Bruna Luppi Moraes e André Mendonça Bialski.

A PF pediu ao STJ o indiciamento e afastamento de Castro. A solicitação consta no relatório em que a corporação atribuiu ao mandatário supostos crimes de corrupção passiva e peculato na esteira das Operações e Sétimo Mandamento. A PF indiciou o governador por suposto envolvimento com um esquema de desvios milionários entre 2017 e 2020, quando ele era vereador e vice-governador (gestão Wilson Witzel).

O documento apresentado ao gabinete do ministro Raul Araújo, relator da investigação no Superior Tribunal de Justiça, agora deve ser remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR). Cabe ao órgão avaliar os achados da PF e decidir se denuncia ou não Castro. A PGR também deve dar um parecer sobre o pedido de afastamento do governador.

Cláudio Castro virou alvo do inquérito agora finalizado pela PF em abril de 2023. A investigação versa sobre supostos crimes de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e peculato que teriam perdurado entre o mandato de Castro na Câmara Municipal fluminense e o cargo de número 2 do governo Wilson Witzel.

Estadão
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