Script = https://s1.trrsf.com/update-1739280909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Política

Chefe da PF diz que diferença entre deportações feitas por Biden e Trump foi a ‘exposição' e falta de cuidado com brasileiros

Andrei Passos esclareceu que é necessário ter segurança de voo para passageiros e que nenhum dos brasileiros era presidiário

28 jan 2025 - 10h58
(atualizado às 12h02)
Compartilhar
Exibir comentários
Andrei Passos falou sobre deportações de brasileiros nos Estados Unidos durante programa Roda Viva
Andrei Passos falou sobre deportações de brasileiros nos Estados Unidos durante programa Roda Viva
Foto: Reprodução/TV Cultura

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou em entrevista ao Roda Viva, na TV Cultura, que a diferença das reações do governo Lula (PT) com relação às deportações feitas por Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, e Donald Trump, atual chefe de Estado, ocorre devido à exposição e falta de cuidado com os brasileiros.

“A grande diferença para quem acompanha esses dois períodos, esses dois anos da minha gestão na Polícia Federal, é que em nenhum momento houve essa exposição, essa falta de atenção, de cuidado com os brasileiros que aqui chegaram”, apontou Passos na noite desta segunda-feira, 27.

No último sábado, 88 brasileiros foram repatriados dos Estados Unidos e desembarcaram em Manaus (AM), o que provocou protestos formais do governo brasileiro contra o uso de algemas e correntes, considerado um tratamento desumano.

A prática de manter os deportados acorrentados já havia ocorrido em outros voos fretados pelo governo norte-americano, mas, no ato do desembarque em território brasileiro, as restrições eram retiradas. No entanto, neste caso específico, os brasileiros permaneceram algemados durante todo o processo, incluindo a chegada em Manaus (AM), o que motivou o governo brasileiro a emitir uma nota oficial.

Deportados aguardavam por aeronave da FAB para concluir viagem
Deportados aguardavam por aeronave da FAB para concluir viagem
Foto: Reprodução

Segundo o diretor da PF, há três eixos para se analisar: a dignidade daquelas pessoas, que não são presidiários e estavam chegando ao Brasil; a soberania nacional para aplicar aqui no país as regras definidas pelas instituições brasileiras; e a segurança do voo e das pessoas que estavam nele. 

Passos afirma que o ministro da segurança, Ricardo Lewandowski, e o presidente Lula determinaram que as algemas fossem retiradas, e acolhidas, com alimentação adequada, água e sanitários para que pudessem fazer sua higiene pessoal e ter o mínimo de conforto, além do fretamento de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) conduzi-los até Belo Horizonte (MG).  

“Há procedimentos sim de segurança da aviação, de segurança de voo para proteção dos conduzidos, dos tripulantes e do voo como um todo, que se têm regras internacionais adotadas. E que cada país tem as suas definições e as suas regras, nós por exemplo, temos uma análise de risco para que caso a caso a gente analise se há necessidade ou não de fazer a contenção ou não por algemas das pessoas”, explicou. 

Vídeo mostra que brasileiros deportados dos EUA desembarcaram algemados e acorrentados em Manaus:

Passos ainda esclareceu que há também a soberania do piloto que está conduzindo o voo. Ele determina se os tripulantes serão algemados ou não para ter segurança durante o trajeto. 

“O grande foco aqui é a segurança do voo. [...] Não há justificativa para que pessoas que não são presidiários, que não oferecem risco nenhum e estão no seu próprio país estarem acorrentadas e estarem ali subjugadas e maltratadas. A nossa postura foi de acolhimento. O grande diferencial de outros episódios é de que, em nenhum deles, os brasileiros desceram em solo nacional algemados e acorrentados”, reforçou.

Governo quer explicações e PF apura denúncias

O Ministério das Relações Exteriores informou na noite de sábado, 25, que irá pedir explicações ao governo dos Estados Unidos "sobre o tratamento degradante" dado aos brasileiros deportados. Antes da manifestação do Itamaraty, os agentes da Polícia Federal já estavam orientados a determinar a retirada das algemas.

No domingo, 26, o Itamaraty também publicou uma nota em que afirma que o uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos do acordo com os EUA, "que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados".

‘A gente não pode suportar a violação dos direitos humanos’, diz ministra sobre deportados dos EUA:

A pasta reiterou que o governo brasileiro reuniu informações detalhadas sobre o "tratamento degradante" dado aos brasileiros algemados, nos pés e mãos, no voo de repatriação do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA (ICE).

"O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas. O Brasil concordou com a realização de voos de repatriação, a partir de 2018, para abreviar o tempo de permanência desses nacionais em centros de detenção norte-americanos, por imigração irregular e já sem possibilidade de recurso", diz a nota do Itamaraty.

Enquanto o governo espera por explicações, a PF instaurou um procedimento para apurar as denúncias de agressões sofridas por brasileiros deportados dos Estados Unidos, conforme informou o Fantástico

No desembarque no Aeroporto Internacional de Confins-Belo Horizonte, os brasileiros conversaram com jornalistas que estavam no local. À CNN, alguns deram relatos de verdadeiros maus-tratos sofridos durante a deportação.

"Foi mais difícil voltar do que ir" para os Estados Unidos, disse Matheus Henrique, de 22 anos, natural de Rondônia. Segundo ele, os passageiros voaram amarrados, com os pés e mãos presos, durante o trecho feito no avião norte-americano. "Sofremos um pouco de tortura lá dentro", afirmou.

Quando a aeronave pousou em Manaus para abastecer, os brasileiros disseram que começaram os problemas técnicos. Quando alguém decidia reclamar com os agentes norte-americanos a bordo recebia de volta agressões.

Brasileiros deportados dos Estados Unidos e trazidos de Manaus por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) desembarcam no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na noite deste sábado (25).
Brasileiros deportados dos Estados Unidos e trazidos de Manaus por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) desembarcam no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na noite deste sábado (25).
Foto: GISLAINE OLIVEIRA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

"Eu fiquei sentado até chegar ao meu limite, mas não aguentei mais. Eu pedi [para sair] para eles, e aí [um agente] me enforcou. Não tinha como manter a calma. Tinha crianças chorando", disse Jefferson Maia, também de Rondônia. Ele acrescentou que não "comia direito" há 40 horas e não tomava banho há cinco dias.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se
Publicidade
Seu Terra












Publicidade