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Política

China diz que Eduardo Bolsonaro causa "influência nociva"

19 mar 2020 - 22h42
(atualizado às 23h01)
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A Embaixada da China afirmou na noite desta quinta-feira, dia 19, por meio de comunicado oficial, que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou "influência nociva" e "interferências desnecessárias" na cooperação com o Brasil. Apesar da crise diplomática iniciada na véspera pelo parlamentar, Pequim disse acreditar que não houve mudança na política externa do Brasil em relação ao país, mas demonstrou insatisfação com o papel do chanceler Ernesto Araújo no episódio.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, abriu mais uma frente de batalha para o governo, desta vez com a China, maior parceiro comercial brasileiro, ao acusar o governo chinês de ser o responsável pela pandemia de coronavírus. 
REUTERS/Adriano Machado
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, abriu mais uma frente de batalha para o governo, desta vez com a China, maior parceiro comercial brasileiro, ao acusar o governo chinês de ser o responsável pela pandemia de coronavírus. REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"As palavras do Eduardo Bolsonaro causaram influências nocivas, vistas como um insulto grave à dignidade nacional chinesa, e ferem não só o sentimento de 1,4 bilhão de chineses, como prejudicam a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês. Geram também interferências desnecessárias na nossa cooperação substancial. Estamos extremamente chocados por tal provocação flagrante contra o governo e povo chinês", afirma a nota da representação de Pequim em Brasília. "Temos pleno conhecimento da política externa brasileira com a China e acreditamos que nas suas linhas não houve qualquer mudança."

Na quarta-feira, dia 18, o filho do presidente Jair Bolsonaro culpou nas redes sociais o governo Xi Jinping pela pandemia do novo coronavírus. No mesmo dia, o embaixador chinês Yang Wanming reagiu e cobrou retratação em sua conta virtual no Twitter. Ele também republicou mensagens que foram recebidas como insulto pelo deputado e pelo Itamaraty, que repreendeu o embaixador. Eduardo não se desculpou e disse não ter ofendido os chineses, mas expressado uma crítica ao governo do país. O chanceler Ernesto Araújo endossou essa posição e argumentou que o filho do presidente não expressa o pensamento do governo Jair Bolsonaro.

Na nota oficial desta quinta, a embaixada chinesa voltou a cobrar que o Itamaraty intervenha na postura do deputado, que é influente na política externa e preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. O embaixador chinês manifestou indignação ao ministro Ernesto Araújo e reclamou da intermediação feita por ele.

"A parte chinesa não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo à noite do dia 18. O deputado Eduardo Bolsonaro tem que pedir desculpa ao povo chinês pela sua provocação flagrante", reiterou a embaixada. "Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras, não fazer coisas que não condizem com o seu estatuto, não falar coisas que prejudiquem o relacionamento bilateral e não praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação. Temos a certeza de que o Itamaraty certamente vai levar em consideração o quadro geral das relações sino-brasileiras e envidar esforço junto conosco para salvaguardar o ambiente favorável do nosso relacionamento."

A diplomacia chinesa disse que os presidentes Jair Bolsonaro e Xi Jinping consolidaram confiança política mútua no ano passado e destacou que o "presidente brasileiro manifestou solidariedade para com o governo e o povo chinês". A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Os diplomatas chineses disseram que uma minoria no Brasil tenta atrapalhar o relacionamento bilateral e que esse grupo não deve subestimar a capacidade de o país asiático garantir seus interesses.

"Percebemos que os que atrapalham o desenvolvimento das relações bilaterais se limitam a uma minoria na população brasileira, enquanto a maioria esmagadora está em defesa da nossa fraternidade", afirmou Pequim. "Esperamos que alguns indivíduos do lado brasileiro, na sua minoria, abandonem as suas ilusões e muito menos subestimem a nossa resolução e capacidade de salvaguardar os nossos próprios interesses."

Estadão
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