Cirurgia de José Dirceu é a mesma feita por Maradona e é considerada simples, apesar de perfuração
Procedimento operatório realizado por ex-ministro da Casa Civil está entre os mais simples da neurocirurgia e geralmente dura duas horas
A cirurgia a qual foi submetido o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) na última quinta-feira, 23, é considerada uma das mais simples do ramo da neurocirurgia, embora conte com perfurações no crânio. O ex-jogador de futebol Diego Maradona também passou por esse tipo de procedimento após sofrer uma queda e teve resultado positivo.
O petista foi internado para realizar a "drenagem" de um "hematoma subdural", que consiste no acúmulo de sangue na região craniana.
Professor-chefe da disciplina de neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o doutor Feres Chaddad explica que esse tipo de hematoma pode ser crônico (desencadeado com o passar do tempo), ou agudo (causado por traumas de grande impacto na cabeça, como acidentes de carro).
"O hematoma subdural é uma coleção de sangue entre as partes ao redor do cérebro, que se chamam dura-máter e aracnoide. A grosso modo, a coleção de sangue está entre o osso e o cérebro e ali ele começa a aumentar de tamanho com o passar de tempo", disse Feres.
A avaliação do especialista é de que o hematoma desenvolvido por Dirceu se enquadra na categoria crônico. Segundo Feres, essas lesões podem se desenvolver a partir dos 60 anos de idade, quando o cérebro começa naturalmente a diminuir de tamanho e algumas veias que drenam o sangue podem se romper.
Os hematomas crônicos começam a se formar progressivamente e os sintomas mais comuns envolvem paralisia em um dos lados do corpo, perda de visão, alteração na sensibilidade, perda de movimento no rosto, rebaixamento de consciência e sonolência. Dentre outras causas para o desencadeamento dos hematomas estão batidas recorrentes e de pequeno impacto na cabeça.
A cirurgia do hematoma de tipo crônico, quando o sangue ainda se encontra na fase líquida, consiste em duas "trepanações" (perfurações no crânio) para drenas o coágulo. "Em termos cirúrgicos, seria um dos procedimentos mais simples da neurocirurgia e não está relacionada ao cérebro. Não se mexe no cérebro", explicou Feres.
O pós-operatório da drenagem é considerado simples. Em muitos casos, o paciente é acordado na sala de operação. Existe ainda a possibilidade de o paciente ser levado diretamente ao quarto, sem a necessidade de passar por observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), diferentemente do ocorrido com Dirceu. Para se diagnosticar esse tipo de hematoma é preciso que o paciente realize uma tomografia computadorizada de crânio.