Mesmo com leilão suspenso, governo Lula projeta queda no preço do arroz
Governo monitora preço semanalmente e conta com chegada de importações da Tailândia e Paraguai; com grão mais barato, leilão fica suspenso
Mesmo sem lançar um novo leilão de arroz, o governo Lula (PT) estima que haverá redução no preço do produto a partir do próximo mês. A percepção no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) é de que já há sinais de queda e de que o grão ficará mais barato com a chegada de importações vindas da Tailândia e do Paraguai.
A pasta comandada pelo ministro Paulo Teixeira tenta baixar o preço de 5 kg para R$ 20, teto que era projetado com leilão - suspenso por indícios de fraude. No MDA, técnicos identificam que, atualmente, o preço no País oscila entre R$ 25 e R$ 21.
Desde o primeiro trimestre o aumento na inflação dos alimentos incomoda Lula. Em março, antes das enchentes que atingiram o maior Estado produtor de arroz no País, o Rio Grande do Sul, o presidente já cobrava dos ministros Teixeira e Carlos Fávaro (Agricultura) medidas para baixar o preço.
Em maio, Lula disse durante um evento que ficou “um pouco agitado porque o preço do arroz, o pacote de 5kg no supermercado estava R$ 36. No outro, estava R$ 33”. Naquela semana, o governo zerou as tarifas para importação de arroz. Esse é um dos motivos que o MDA considera na projeção de redução de preços com as entregas do Paraguai e da Tailândia.
Além disso, a pasta faz reuniões semanais junto ao Ministério da Agricultura, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Fazenda para acompanhar as variações e leva os dados a produtores, representantes da indústria e da Câmara Setorial do Arroz (órgão consultivo que reúne segmentos ligados aos setores governamental e privado). O objetivo é que, a partir desse mapeamento, os produtores aumentem a oferta onde o arroz está mais caro para reduzir o preço.
Em se confirmando a queda, o leilão seguirá suspenso e só deverá ser realizado caso haja nova elevação. A análise da pasta é de que, mesmo com a polêmica por indícios de fraude, críticas de setores do agro e da oposição ao governo, o leilão foi positivo porque, a partir dessa proposta, os preços começaram a baixar. A suspensão do leilão culminou na queda do secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
A percepção do ministro Teixeira, segundo relatos à coluna, é de que vai haver uma “conversão” de parte dos produtores de milho e de soja para arroz no Centro-Oeste e em Estados do Nordeste, como Maranhão e Piauí. Há expectativa de que em Goiás a produção, que é de 60 mil toneladas, dobre em um ano. Com o aumento da produção, a pasta discute a recomposição de estoques do grão no País.
Na semana passada, o MDA anunciou o Plano Safra da Agricultura Familiar, com valor de R$ 85,7 bilhões para agricultura familiar. Uma das medidas do pacote é o programa Arroz da Gente, para estimular a produção na agricultura familiar a partir de crédito com juros menores, acompanhamento técnico, garantia de comercialização e acesso a maquinários. A expectativa é atender 200 municípios de 14 Estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Norte e Sudeste.