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Tatiana Farah

Bolsonaro de malas prontas. Para onde?

O caminhão da mudança chegou

15 dez 2022 - 17h40
(atualizado às 17h46)
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O caminhão da mudança já chegou ao Palácio do Alvorada, revelou na tarde desta quinta-feira (15.dez.22) o site Metrópoles. A imagem é carregada de significado, em tempos em que o presidente em exercício, apelidado de “presidente sainte” pelos adversários, ainda não aceitou a vitória do “presidente entrante”.

Caminhão de mudança flagrado chegando ao Palácio do Alvorada
Caminhão de mudança flagrado chegando ao Palácio do Alvorada
Foto: Reprodução/Metrópoles

Tem mais significado ainda no dia em que a Polícia Federal sai às ruas para buscar ao menos 100 manifestantes e instigadores dos atos antidemocráticos que têm dado aula de vandalismo até em Brasília.

É hora de partir e os bolsonaristas que fazem plantão no cercadinho do Planalto devem já ir (desculpem o trocadilho, mas não resisti) se acostumando a outro endereço. Embora o destino do presidente ainda seja incerto.

Não se sabe se ele morará ao lado do vice-presidente e senador eleito, Hamilton Mourão, em um condomínio de luxo de Brasília. Mesmo com o cofre gordinho com duas aposentadorias (a do Exército e a da Câmara dos Deputados), Bolsonaro terá as despesas bancadas pelo dinheiro público que irriga os partidos, ou seja, o Fundo Partidário do qual ele e seus seguidores sempre foram críticos ferrenhos.

O PL, partido de Bolsonaro, ficou de pagar o aluguel, pois Bolsonaro não quer voltar ao Rio de Janeiro e seria um articulador político da legenda no trabalho de oposição ao governo de Lula 3. Mas, por ter questionado sem motivo o resultado das eleições, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, está com as contas do partido congeladas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até pagar a multa de sugestivos R$ 22,9 milhões, não pode arcar com as despesas do aluguel.

O caminhão da mudança chega também no dia em que o filho mais radical do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, joga a toalha no ringue do Twitter.

“Como alguns podem esquecer tão rápido os sacrifícios de um homem que praticamente deu a vida, remando contra uma maré de podridão, com resiliência de modo a conseguir avanços nunca imaginados, e banalizá-lo como se todo um processo tremendamente complexo dependesse somente dele?”, queixou-se o vereador, que continuou: “Por que as pessoas ditas "do bem" não fazem o simples exercício de se colocar no lugar do próximo?”

Com a debandada de aliados, Carlos Bolsonaro está aprendendo na carne que a derrota é um lugar de extrema solidão. Não importa para onde se mude.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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