No jogo eleitoral, Bolsonaro perde nas urnas e no tapetão
Todo dia, o TSE faz um 7x1 no bolsonarismo
Desde antes da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) elegeu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como seu adversário. Conservador e bem distante do PT de Luiz Inácio Lula da Silva, “Xandão”, como foi apelidado nas redes sociais, tem goleado o bolsonarismo constantemente. E não foi diferente ontem, diante da contestação das eleições feita pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.
Valdemar quer tumultar a transição e chegar mais forte ao Congresso Nacional em 2023. Tem a maior bancada da eleição, mas são deputados novatos na legenda. E o cacique das antigas não pode perdê-los em meio ao enfraquecimento do bolsonarismo porque precisa desse número para fortalecer seu Fundo Partidário.
Valdemar contestou parte das urnas do segundo turno que, se eliminadas, dariam a vitória a Bolsonaro. As urnas foram usadas nos dois turnos, mas o chefe do PL só queria falar do segundo. E só sobre a eleição presidencial. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Xandão foi ligeiro: só aceita a petição do PL se incluir os dois turnos. Os dois turnos complicam a vida de Valdemar e sua gorda bancada, de 99 deputados. A resposta do ministro expõe o ridículo do pedido do PL.
Somente num Brasil imaginário essa ação do PL conseguiria impugnar as eleições. E pode parecer delírio as centenas ou milhares de pessoas que ficam marchando nas portas dos quartéis, com a camisa do Brasil. Mas não é. Para o PL de Bolsonaro é bom manter essa turma mobilizada. É o que vai garantir que o PL chegue inteiro, sem defecções pelo caminho. É muito poder e muito dinheiro público em jogo.
O presidente do TSE, no entanto, tem tomado medidas para controlar essa turba. E tenta punir quem fecha os olhos para os atos antidemocráticos e para quem financia sorrateiramente esses acampamentos regados a churrasco de picanha. Nessa disputa, as manifestações sobrevivem, mas estão minguando.
Enquanto os bolsonaristas marcham, Bolsonaro, que ficou recluso no Palácio do Alvorada por 20 dias, parece forte. E seu exército de camisa canarinho empresta seu tempo e seu nome para um fiasco desses: em pleno 2022, rogar por uma intervenção militar (ou extraterrestre) depois de uma eleição transparente e verificada, que deu vitória a Lula.