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Tatiana Farah

Quem ganha e quem perde com a vitória de Lula sobre Bolsonaro

Veja como o resultado afeta dez personagens da política que não estavam na urna eletrônica da corrida presidencial.

31 out 2022 - 02h30
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Ainda não é 1º de janeiro de 2023, mas as peças do xadrez do Planalto já começam a se movimentar. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) ontem muda o tom e mesmo o discurso de personalidades importantes do meio político. Já o silêncio de alguns diz muitas coisas, como o da família Bolsonaro e de seu ministro Ciro Nogueira, que durante todo o dia dizia que era iminente a vitória do governo. Vamos mostrar aqui como 10 nomes que não estavam na tela da urna eletrônica na hora do seu voto saíram ganhando ou perdendo com o resultado.

Lula e aliados depois da vitória
Lula e aliados depois da vitória
Foto: Ricardo Stuckart/Divulgação

Simone Tebet, a senadora do MDB de Mato Grosso do Sul, sai gigante desta eleição. Simone mostrou dignidade ao se aliar a Lula sem nenhuma espécie de sabujice, manteve a altivez, arregaçou as mangas, costurou acordos com empresários e setores pouco afeitos ao lulismo. Assim como Geraldo Alckmin (PSB), foi bem-recebida pelos petistas apesar dos estranhamentos do passado. Pelas conversas de bastidores da campanha, poderá escolher o ministério. Os petistas queriam que ela abraçasse a Agricultura, mas ela gosta mais de Educação. Professora, é ideia dela a criação de uma bolsa de R$ 5 mil para o jovem que completar o ensino médio.

Fernando Haddad perdeu, mas ganhou. É possível isso? É.  Ao lado de Lula no pronunciamento oficial e no palanque da vitória na Avenida Paulista, o ex-prefeito Fernando Haddad nem parecia ter sido derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo governo de São Paulo. Deve ocupar um ministério importante. Ajudou na articulação do PT com Geraldo Alckmin (PSB), sempre esteve ao lado do presidente eleito, fez uma campanha bonita em São Paulo e, mais uma vez, ganhou na capital que governou, apesar de ter deixado a prefeitura sob muitas críticas. 

Tarcísio de Freitas ganhou o governo de São Paulo e se tornará o maior nome do bolsonarismo depois da derrota de Jair Bolsonaro. Venceu com boa margem no estado, conseguiu apoio dos principais partidos de direita e centro-direita e deverá ser cortejado até pelos aliados do presidente que antes torciam o nariz para seu nome. Vale lembrar que ele já trabalhou em governos petistas e, mais cordato que a maioria dos bolsonaristas, achará um caminho para se entender com Lula.

E o caminho certamente passará por Gilberto Kassab (PSD), outro nome que sai ganhando com a vitória petista. Reconhecido enxadrista, Kassab soube manter os pés nas duas canoas: garantiu o vice de Tarcísio, Felício Hasmuth, e sinalizou o tempo todo para os petistas que não estava ao lado de Bolsonaro. Deve ter um papel importante na tentativa de pacificar o país e, sobretudo, Brasília.

A eleição de Lula reabilita também Marina Silva (Rede). A ex-ministra andava apagada, mas gastou muita sola de sapato na campanha lulista. O petista fez questão de saudá-la, assim como fez com Simone, nos discursos de vitória de ontem. Com a Amazônia em crise e no centro da atenção do mundo, Marina poderá ter papel importante no governo.

Se Simone Tebet saiu gigante, Ciro Gomes (PDT) fez o caminho inverso. Um risco para quem não se faz presente é a constatação de que sua presença não tem tanta importância. Ciro perdeu força no país e diminuiu o PDT no Ceará.

Romeu Zema (Novo) achou que conseguiria dar a vitória a Bolsonaro em Minas. Era seu passaporte para disputar com Tarcísio e os filhos do presidente o legado de um eventual segundo mandato do atual presidente. Esqueceu de combinar com os eleitores: Lula venceu por pouco no estado, mas foi assim no país todo.

Sergio Moro (UB-PR) se meteu na campanha de Bolsonaro na reta final e não fez nenhuma diferença no placar. Sua participação nos debates, como se fosse uma grande força de pressão sobre Lula, foi quase melancólica. Dificilmente terá protagonismo no comando da oposição ao governo petista no Senado.

Carla Zambelli (PL-SP), armada e perigosa, passou a noite atiçando os caminhoneiros descontentes com o resultado das urnas. Isso depois de perseguir com uma pistola um homem negro, desarmado, em pleno bairro dos Jardins, no sábado. Partidos como PT e Rede já ingressaram com o pedido de cassação na Câmara e, mesmo esbravejando, ela passará maus bocados por lá.

Ciro Nogueira (PP-PI), o ministro da Casa de Civil de Bolsonaro, pesou a mão nos ataques ao PT. Ontem, no Twitter, ironizou o que acreditava ser a derrota do petista, escrevendo "tic-tac-tic-tac", como se o tempo de Lula estivesse se esgotando. Em 2018, ao apoiar a pré-candidatura de Lula, disse que Bolsonaro tinha um estilo fascista. Isso não o impediu de se tornar um de seus principais ministros. Mas, contra Lula e o PT, o ministro usou mais e muitas palavras pesadas. Agora, voltando ao Senado, terá de mostrar todo o jogo de cintura que o fez ser um dos principais líderes do centrão para restabelecer a paz com o novo presidente.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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