Tarcísio, o novo sócio de Lula
Governador paulista usou a expressão para defender que trabalhará sem problemas com o presidente Lula
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem se afastado cada vez mais do “bolsonarismo raiz” e tentado mostrar uma imagem republicana. Nesta quarta-feira, 1°, disse que é “sócio” do presidente Lula (PT) no trabalho de fazer o Brasil e São Paulo darem certo. Chegou a usar uma expressão que, embora criada pelas agências de publicidade, era a cara do primeiro mandato do petista (2003-2006): “sou brasileiro e não desisto nunca”.
Alçada a ministro por Jair Bolsonaro (PL), a criatura agora se distancia do criador. Está em jogo a disputa pelo espaço a ser ocupado pelo vazio deixado pelo ex-presidente, isolado na Flórida desde antes da posse de Lula. Mesmo cumprindo uma agenda de palestras e disparando telefonemas para aliados, Bolsonaro deixa um vácuo entre seus seguidores. Dizer, lá dos Estados Unidos, que a punição aos manifestantes que quebraram Brasília é “injusta” não segura esse eleitorado.
A tentativa do senador Rogério Marinho de se eleger como presidente do Senado tenta realinhar as forças conservadoras para fazer o enfrentamento do governo petista. Nesse cenário, ganham espaço nomes como Damares Alves, Pazzuello e Hamilton Mourão, que chegam agora ao Congresso, cujos melindres Marinho conhece bem.
Assim, Tarcísio corre na paralela como herdeiro do bolsonarismo light. Tarcísio disse que é “republicano”, uma palavra que soa como palavrão para os radicais de direita. A julgar por seu comportamento (hoje ele sancionou a lei de uso da cannabis como medicamento), pelos três encontros que teve com Lula e por essa conversa de “sócio”, o governador quer, por agora, encantar os liberais. Deixou os radicais para os senadores e deputados.
Por outro lado, a sociedade com Lula não será aquele mar de rosas. Há dois assuntos que tumultuam essa aliança: a privatização do Porto de Santos e a privatização da Sabesp. Na questão da Sabesp, o PT e os partidos ligados ao trabalhismo em São Paulo prometem fazer ampla oposição. Já a privatização do Porto de Santos já causa rachas no próprio coração do governo petista em Brasília.