Com general, Bolsonaro vai ao Araguaia, símbolo da repressão
Presidenciável do PSL visita nesta quinta-feira, 12, região no Pará marcada por ação da ditadura nos anos 1970
O pré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto nas eleições 2018, deputado Jair Bolsonaro, fará nesta quinta-feira, 12, um périplo por Marabá, no sudeste paraense, cidade marcada pela repressão militar à Guerrilha do Araguaia, nos anos 1970, que deixou dezenas de mortos de ambos os lados, além de desaparecidos.
Décadas depois da atuação das tropas, a região continua marcada por conflitos - ocupa a 11.ª posição no ranking do Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública - e ainda tem forte presença das Forças Armadas.
Na agenda do pré-candidato, o principal ponto será uma visita à sede da 23.ª Brigada de Infantaria do Exército, com a participação de "todos" os comandantes dos quartéis de Marabá.
Ao lado de Bolsonaro estará um dos ex-comandantes militares da Amazônia, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Cotado para vice na chapa do presidenciável, o general disse que o passado da guerrilha está superado e não tem conexão com o presente. "É uma viagem sentimental", afirmou.
O general Heleno lembrou que foi da brigada de Marabá que saiu um contingente importante para atuar na missão das Nações Unidas no Haiti, comandada por ele em 2004 e 2005.
Ele reconheceu que a área não é rota de narcotráfico nem região de fronteira para manter uma grande presença do Exército, mas é emblemática por sua complexidade. "É uma região enorme no coração da Amazônia Oriental, de grandes problemas internos, de desmatamento, de conflitos sociais e atuação de movimentos de reforma agrária. Politicamente, é importante manter uma tropa."
Se na época do combate à guerrilha, a selva do Pará chegou a abrigar 2 mil homens do Exército, as seis unidades militares na região mantêm atualmente o dobro de soldados.
Violência
A forte presença do Exército, porém, não inibe a criminalidade. Dados das delegacias de polícia de Marabá, município com população de 271 mil habitantes, apontam uma média de um assassinato por dia nas periferias sem rede de água e esgoto.
De Marabá, Bolsonaro segue para a vizinha Parauapebas, outro município com índice de homicídios superior à média nacional.
Embora tenha uma forte atuação de movimentos sociais, a política do sudeste paraense é comandada por partidos de centro. Das três maiores prefeituras, o MDB do senador Jader Barbalho administra Parauapebas, com o Darci Lermen, e Canaã dos Carajás, com Jeová Gonçalves de Andrade. Tião Miranda, do PTB, está à frente da prefeitura de Marabá.