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Política

Comandante aceitou articular plano golpista caso decreto fosse assinado, diz delação de Mauro Cid

O general Estevam Teophilo seria responsável por capitanear as tropas terrestres

2 dez 2024 - 18h22
(atualizado às 18h39)
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General Estevam Theóphilo
General Estevam Theóphilo
Foto: Divulgação/CCOMSEx / Estadão

O general Estevam Theophilo, então comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER), teria se colocado à disposição para implementar um plano golpista caso o ex-presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto que pretendia reverter o resultado das eleições de 2022. A afirmação consta na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e no relatório final da investigação da Polícia Federal.

Segundo a delação, Bolsonaro realizou uma série de reuniões em dezembro de 2022 para tentar garantir o apoio de líderes militares ao plano. Após ser rejeitado pelo comandante do Exército, Freire Gomes, o ex-presidente convocou Theophilo para uma reunião no Palácio da Alvorada, intermediada por Cid. Durante o encontro, que ocorreu em 9 de dezembro, Bolsonaro teria apresentado a minuta do decreto golpista.

No final da reunião, Theophilo teria dito a Cid que, caso o decreto fosse assinado, as Forças Armadas cumpririam a ordem. O general assumiria a missão de capitanear as tropas terrestres, preparando o plano operacional do golpe, que incluiria tanques nas ruas e ações contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além disso, mensagens enviadas por Cid ao assistente direto de Theophilo, coronel Cleverson Ney Magalhães, reforçam o alinhamento do general ao plano. Em uma delas, Cid relatou: “O chefe do Coter quer fazer... Desde que o PR assine”. Questionado por Cleverson sobre a posição de Freire Gomes, Cid respondeu: “Difícil ainda. Dia a dia... passo a passo... Já esteve pior.”

Para a PF, as evidências mostram que Bolsonaro tentou superar a resistência de Freire Gomes buscando apoio de outros generais. Theophilo, por sua vez, teria representado uma peça-chave no plano devido à sua posição estratégica.

Embora Theophilo tenha ficado em silêncio ao ser questionado pela PF sobre o teor da conversa, o relatório aponta que ele aceitou a articulação como comandante do COTER. Essa estrutura, embora não possua tropas próprias, é responsável por planejar e coordenar as operações do Exército.

Além de Theophilo, Bolsonaro também sondou outros líderes das Forças Armadas. Apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria manifestado disposição em apoiar o golpe, segundo o relatório.

Theophilo foi indiciado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. As penas somadas podem chegar a 28 anos de prisão.

Fonte: Redação Terra
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