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Política

Comissão dos EUA quer documentos trocados por governos americano e brasileiro para bloqueio de redes

Requerimento pede a departamento ligado à Casa Branca informações e plano de ação sobre suposta 'censura' a redes sociais no Brasil; bilionário Elon Musk, dono do X, faz críticas, desde o início do mês, ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes

23 abr 2024 - 09h44
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A Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos solicitou ao governo americano mais informações sobre a suposta "censura" a redes sociais no Brasil. Nesta quarta-feira, 17, um despacho assinado por Jim Jordan, presidente do colegiado, solicita ao Departamento de Estado, órgão ligado à Casa Branca, todas as comunicações relativas à "suspensão ou remoção de contas no X (antigo Twitter) ou em qualquer outra plataforma de mídia social" que o governo americano tenha mantido com a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil ou com o próprio governo brasileiro.

Além das informações, a comissão requer ao Departamento de Estado um plano de ação para o tema. O documento estipula um prazo de resposta da Casa Branca até o dia 30 de abril. "O Comitê solicita que se organize um 'briefing' com especialistas no assunto sobre como o Departamento de Estado pretende responder a esses ataques à liberdade de expressão no Brasil", diz documento, assinado pelo deputado Jim Jordan, aliado do ex-presidente do país Donald Trump e integrante de uma ala ultradireitista do Partido Republicano.

"De acordo com relatórios recentes, o governo brasileiro está tentando coagir a X Corp. a bloquear certas contas em sua plataforma de mídia social que o governo brasileiro considera estarem colaborando com a desinformação", diz o texto.

"O Comitê e o Subcomitê Selecionado (para o Armamento do Governo Federal) souberam, por meio de documentos obtidos de acordo com a intimação, que o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil e o Supremo Tribunal Federal ordenaram que o X suspendesse ou removesse mais de 100 contas na popular plataforma de mídia social desde 2022. Essas demandas de censura foram direcionadas aos críticos do governo brasileiro e incluem o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, integrantes conservadores do Legislativo federal, jornalistas, integrantes do Judiciário e até mesmo um cantor gospel e uma estação de rádio pop", afirma.

Na quarta, 17, um relatório divulgado por deputados do Partido Republicano que integram a Comissão de Justiça compilou 88 despachos da Justiça brasileira para a remoção de conteúdo no X e em outras redes sociais. Segundo os autores, o relatório "expõe a campanha de censura do Brasil".

O documento foi divulgado após Elon Musk, dono do X, prometer tornar públicas ordens de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), para a derrubada de perfis em sua rede social. A promessa ocorreu no início de abril, em meio a um embate entre o empresário e Moraes.

Segundo o STF, o relatório compila ofícios enviados pela Corte às plataformas de redes sociais para cumprimento de suspensão de contas e remoção de conteúdos, e não a íntegra das decisões devidamente fundamentadas que justificaram a medida.

As decisões de Alexandre de Moraes pela desativação das contas foram tomadas ao longo dos últimos quatro anos no âmbito das investigações sobre milícias digitais e no chamado inquérito das fake news, que investiga ações orquestradas nas redes para disseminar informações falsas e discurso de ódio, com o objetivo de minar as instituições e a democracia.

Presidente da Comissão é ex-lutador e aliado de Trump

O requerimento de informações é assinado por Jim Jordan, presidente do colegiado de Justiça da Câmara dos Representantes. Ele é deputado desde 2007 e figura entre os principais congressistas do Partido Republicano. Antes da carreira política, ele foi atleta de luta livre. Hoje, é um dos principais aliados de Donald Trump, ex-presidente do país.

Jordan acusou o Partido Democrata de fraude na eleição presidencial de 2020, quando Joe Biden venceu Donald Trump. O deputado foi um dos 126 republicanos da Câmara dos EUA que assinou um pedido para que os resultados eleitorais da Pensilvânia, decisiva na vitória de Biden, fossem invalidados. O Congresso americano rejeitou a apreciação da ação.

Jordan é opositor da gestão Biden. Ele atuou ativamente na abertura do processo de impeachment contra o presidente, aprovado pela Câmara americana em dezembro. Biden também é o principal alvo do relatório divulgado na quarta. Segundo os deputados, o objetivo do documento é investigar "como e com qual extensão o Poder Executivo (dos EUA, Joe Biden) coagiu ou se juntou com empresas e outros intermediários para censurar discurso lícito".

Jim Jordan, presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA
Jim Jordan, presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA
Foto: @repjimjordan via Facebook / Estadão
Jim Jordan, presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA
Jim Jordan, presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA
Foto: @repjimjordan via Facebook / Estadão
Estadão
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