Comoção em torno da internação de Erundina não permitiu aprovação de PL que poderia salvar Bolsonaro da cadeia
Projeto que invalida delações de presos não foi votada em esquema relâmpago, como desejava alguns parlamentares
Em uma atuação nos bastidores, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL), desarquivou na última quarta-feira, 5, um projeto de lei (PL) para invalidar delações feitas na cadeia. Aliados de Lira subscreveram um requerimento de urgência a fim de apreciar o projeto em velocidade relâmpago.
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De acordo com o jornalista Bernardo Melo Franco, do O Globo, o objetivo da ação dos parlamentares era anular a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que o ex-presidente Bolsonaro participou da tentativa de golpe e desvio de joias.
Porém, toda esta trama não seguiu adiante, pois a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP), de 89 anos, passou mal e foi internada na UTI. A comoção em torno da situação, forçou a suspensão dos trabalhos na Casa, o que esfriou os ânimos para a votação.
O motivo do mal estar da decana da Câmara dos Deputados foi o clima tenso e permeado de insultos e agressões que tomou a Casa. "Você quer testosterona? Vamos lá fora para eu te dar", desafiou o lulista André Janones (Podemos-MG). "Bate aqui em mim", devolveu o bolsonarista Nikolas Ferreira, parlamentares mais votados neste mandato.
Esta discussão ocorreu no Conselho de Ética, durante a votação sobre a perda do mandato de Janones, acusado de cometer "rachadinha" -- esquema de repasse de parte dos salários de assessores para o parlamentar. A Polícia Legislativa escoltou Janones para fora da sala, e o tumulto se deslocou para os corredores do Congresso.
Este clima hostil não se deteve na comissão de Ética e invadiu a Comissão de Direitos Humanos. Quando insultada pelos deputados bolsonaristas, Erundina passou mal e pôs fim aos trabalhos do dia.