Confissões de Mauro Cid à PF podem detalhar roteiro de golpe e caso das joias sauditas, diz jornalista
Segundo fonte próxima à investigação, os depoimentos de Cid foram descritos como "amplos, diversificados e ruins para Bolsonaro"
O tenente-coronel Mauro Cid, que desempenhou a função de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pretende fornecer à Polícia Federal (PF) informações detalhadas sobre reuniões e conversas relacionadas a um suposto plano de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022. De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, o depoimento de Cid à PF inclui informações sobre o caso das joias sauditas e o suposto "roteiro" do golpe.
Diante dos investigadores da PF, ele deve fornecer informações detalhadas sobre a identidade dos militares, ex-ministros e outros funcionários do governo Bolsonaro que estiveram envolvidos na trama. Bolsonaro se tornou o primeiro presidente a não se reeleger desde a redemocratização, ao perder a disputa em 2º turno para o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme informações de fontes próximas à investigação, Mauro Cid teria mencionado em conversas informais os nomes de militares como Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, como alvos das informações que está compartilhando.
"Cid está apresentando o que tem sobre vários temas. O foco da PF está no roteiro do golpe. Militares do governo Bolsonaro estão cientes das conversas de Cid com a PF e estão preocupados com o que ele pode relatar de envolvimento e reuniões com Heleno, Braga Netto e novos personagens do núcleo militar", disse uma fonte que acompanha as tratativas de Cid com o Judiciário.
De acordo com essa fonte, os depoimentos de Mauro Cid foram descritos como "amplos, diversificados e ruins para Bolsonaro". No entanto, não foi revelado especificamente o conteúdo dos depoimentos do ex-ajudante de ordens.
Caso das joias
Nos depoimentos em curso, que estão sendo registrados em vídeo e áudio, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também está detalhando sobre o caso das joias que foram presenteadas ao ex-presidente durante suas viagens ao exterior. Nessas oitivas, Cid teria mencionado seu envolvimento ativo em um esquema de venda ilegal dos itens de luxo.
"O Exército quer que Cid resolva a situação e descole a imagem da corporação desse desgaste todo. E Cid só consegue fazer isso se assumir seus atos como individuais e apontar os demais- isolando e blindando a instituição", disse uma autoridade judiciária.