Confusão encerra audiência com Moro na Câmara
Tumulto começou quando deputado afirmou que ministro iria entrar para história como 'o juiz mais corrupto da história do Brasil'
Após mais de sete horas de sessão, a audiência com o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara foi encerrada nesta terça-feira, 2, após uma confusão generalizada entre deputados da base e da oposição. O tumulto começou quando o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) afirmou que Moro iria entrar para história como "o juiz mais corrupto da história do Brasil".
A declaração causou protestos de parlamentares, que interpelaram o deputado do Psol. A discussão chegou à mesa da presidência, onde Moro respondia, desde as 14h, questionamentos sobre mensagens trocadas entre ele e procuradores da Lava Jato, vazadas pelo site The Intercept Brasil.
Cercado por seguranças e deputados do PSL, Moro deixou o local por uma porta lateral. A deputada Professora Marcivânia (PCdoB-MA) presidia a sessão e encerrou o depoimento.
O depoimento do ministro da Justiça na CCJ transformou-se em uma arena de embates entre deputados da oposição e o ex-juiz da Lava Jato. Sem a mesma "blindagem" que teve quando foi ao Senado, há 13 dias, Moro se irritou com perguntas, disse não haver "inocentes" presos e afirmou que acompanha como "vítima" as investigações da Polícia Federal sobre a troca de mensagens atribuídas a ele e a procuradores da Lava Jato.
Em mais de sete horas de sabatina, Moro negou-se a confirmar ou rejeitar o conteúdo dos diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil e classificou como "revanchismo" os ataques que vem recebendo. "Há uma tentativa criminosa de invalidar condenações", afirmou ele. "Qual foi a mensagem que revela que tem inocente condenado? Que inocentes?", questionou.
A oposição se revezou nas críticas a Moro e o clima esquentou várias vezes, com muito bate-boca na sessão. Dois dias depois das manifestações de rua em apoio a ele, à Lava Jato e à reforma da Previdência, porém, o ministro parecia mais seguro e até fez ironias com o episódio. "Se as minhas mensagens não foram adulteradas, não tem nada ali, nada. É um balão vazio cheio de nada", insistiu Moro.