Confusão entre GCM e manifestantes atrasa ato do Grito dos Excluídos na praça da Sé
Agentes da Guarda Civil Metropolitana alegaram que organização da manifestação não tinha autorização para ato deste sábado
Depois de ter seu local alterado da Praça Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, para a Praça da Sé, em São Paulo, após pedido da Polícia Militar (PM) para evitar embates com manifestantes bolsonaristas, o Grito dos Excluídos chegou à sua 30ª edição neste sábado, 7, com confusão entre os organizadores e guardas da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Paulo.
O movimento Grito dos Excluídos historicamente realiza manifestações na Semana da Pátria, com pautas focadas no combate à miséria e no desemprego. O ato que marcou este 7 de Setembro iniciou por volta de 8h30 da manhã, com distribuição de café da manhã para a população em situação de rua do local.
Agentes da Guarda Civil, no entanto, alegaram que o local em que as barracas foram montadas seria o mesmo lugar em que a base da GCM seria instalada. Além disso, afirmaram que os movimentos sociais que coordenam o Grito dos Excluídos não tinham autorização da subprefeitura da Sé para realizar o ato na praça central da cidade. "Fazem isso há 30 anos e estão nessa desorganização?", disse um dos guardas ao Estadão. A reportagem entrou em contato com a GCM, mas não recebeu resposta até a publicação.
Na terça-feira, 3, uma reunião com a PM do Estado de São Paulo autorizou a realização do ato na região em frente a Catedral da Sé. Oficiais da corporação confirmaram à reportagem que existe a autorização para a realização da manifestação no local.
Benedito Barbosa, o Dito, coordenador da Central de Movimentos Populares em São Paulo (CMP-SP), também disse ao Estadão que a subprefeitura da Sé e a PM já sabiam do ato deste sábado. Outros organizadores ironizaram que "a GCM do (prefeito Ricardo) Nunes está querendo mostrar serviço em época de eleição", e afirmaram que iriam "peitar" a Guarda e manter o ato aqui no local. "Não vamos recuar."
Após a apresentação da autorização, os guardas permitiram a continuação do evento, mas chegaran a estacionar uma viatura no meio do espaço reservado para o ato. A organização chamou isso de "afronta". Os guardas, por sua vez, disseram que "a viatura fica aí 24h. De maneira alguma isso é uma afronta ao evento", mas retiraram o veículo do local e o estacionaram na lateral da escadaria da Catedral. Segundo a GCM, "por segurança dos próprios guardas".
Ao Estadão, o candidato à Prefeitura de São Paulo Altino Prazeres (PSTU), o único postulante ao cargo de prefeito presente no ato, alfinetou seus adversários que não compareceram ao Grito. "Todos os candidatos que dizem que vão ajudar a população mais pobre deveriam estar nesse ato aqui. Inclusive pela simbologia. É um equívoco não virem", declarou.
PM pediu unificação do Grito para evitar conflitos com bolsonaristas
Como adiantado pelo Estadão, para evitar confrontos entre manifestantes opostos, a Polícia Militar (PM) de São Paulo unificou os dois atos do Grito dos Excluídos, marcados para este sábado, 7 de Setembro, na capital paulista. Inicialmente, os atos seriam divididos entre a Praça Oswaldo Cruz, localizada em um dos extremos da Avenida Paulista, e na Praça da Sé. A avenida do centro comercial paulistano abriga, também neste sábado, a manifestação de 7 de Setembro organizada pelo grupo bolsonarista liderado pelo pastor Silas Malafaia, que deve começar às 14h. O evento contará com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um dos organizadores do evento progressista afirmou ao Estadão que os policiais confirmaram que "conseguiriam fazer a proteção e segurança de todos os manifestantes". O maior problema para a corporação, no entanto, seria o fluxo de participantes dos dois atos na Avenida Paulista, que poderia começar, segundo a PM, logo que a via fosse interditada para veículos, próximo das 8h da manhã.
De acordo com os organizadores do Grito, o pedido de reserva da Praça Oswaldo Cruz, na região da Paulista, foi protocolado na Polícia Militar em 13 de setembro de 2023. Já o protocolo do ato de Malafaia teria sido realizado no começo de agosto do ano passado, um mês antes. Um decreto do Estado de São Paulo desautoriza o uso da Avenida por manifestações antagônicas na mesma data, tendo prioridade aquela que solicitou primeiro o pedido de uso do endereço. Por consequência, a organização do ato progressista foi obrigada a alterar a localização da reunião.
Para evitar o mesmo transtorno nos próximos eventos, os movimentos sociais que organizam o Grito já protocolaram, em reunião com a PM realizada nesta terça, 3, o pedido de uso da Oswaldo Cruz para os próximos três anos, até 2027.