Conselho de Ética instaura processo contra Luiz Argôlo
Deputado é suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef e pode perder o mandato
O Conselho de Ética da Câmara decidiu nesta quinta-feira instaurar processo contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) por quebra de decoro parlamentar. O pedido de abertura do processo, feito pelo PSOL, teve como base a suspeita de envolvimento do parlamentar com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro bilionário. Com o início do processo, o parlamentar não pode mais renunciar para evitar a perda dos direitos políticos.
A representação contra Argôlo foi feita em cima de reportagens da revista Veja e do jornal Folha de S.Paulo que citam mensagens trocadas entre o doleiro e Argôlo sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra. De acordo com a Folha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado, ao custo de R$ 100 mil.
Este é o segundo procedimento em andamento na Câmara com origem nas suspeitas do envolvimento de Argôlo com atividades irregulares do doleiro. Em abril, o PPS protocolou representação na Corregedoria da Câmara. Depois de algumas tentativas frustradas, a Corregedoria conseguiu, na tarde de ontem, notificar o deputado para que o processo tenha prosseguimento.
Representação foi proposta por líder do PPS
Com a notificação, a Mesa Diretora da Câmara aprovou o parecer da Corregedoria e pediu a abertura de novo processo contra Argôlo. As duas representações em tramitação (no Conselho de Ética e na Corregedoria da Câmara) não têm ligação e não excluem uma à outra.
A representação analisada pela Corregedoria foi proposta pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), em razão de fatos relatados em reportagem da revista Veja sobre a possível entrega de dinheiro intermediada pelo doleiro no apartamento funcional ocupado pelo deputado.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), lembrou que a denúncia segue para o Conselho de Ética, que abrirá processo, iniciará o período de defesa e levará o caso a julgamento. Depois, caberá ao Plenário analisar a decisão do conselho. "Esta é uma questão que a Câmara quer decidir com muita rapidez", declarou.