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Política

Coronel indiciado por golpe enviou foto de Gilmar Mendes em aeroporto de Lisboa a general, aponta PF

Coronel vigiou passos do ministro do Supremo Tribunal Federal em Portugal em novembro; Gilmar era um dos nomes em uma lista de prisões em minuta golpista; a reportagem tenta contato com a defesa de Reginaldo de Abreu.

11 dez 2024 - 21h48
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A Polícia Federal (PF) constatou que o coronel da reserva do Exército Reginaldo Vieira de Abreu, que foi incluído nesta quarta-feira, 11, na lista de indiciados do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado na reta final do governo de Jair Bolsonaro, mandou uma foto do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes embarcando em um voo em Lisboa para o general Mario Fernandes, que já havia sido indiciado anteriormente. A informação consta do pedido de inclusão de Vieira de Abreu, do tenente-coronel da ativa Rodrigo Bezerra de Azevedo e de Aparecido Andrade Portela na lista de indiciados, que já contava com outras 37 investigados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro. A reportagem tenta contato com a defesa de Reginaldo de Abreu.

"Importante contextualizar que a foto foi enviada no mês de novembro de 2022, no período em que os investigados tinham elaborado a primeira versão da minuta de golpe de Estado que previa, dentre outras medidas de exceção, a prisão do ministro GILMAR MENDES, conforme depoimento prestado pelo colaborador MAURO CESAR CID", afirma a PF no indiciamento.

A minuta do golpe prévia a prisão do ministro do STF Gilmar Mendes, mas seu nome foi posteriormente retirado, conforme confirmou o tenente-coronel Mauro Cid no depoimento em acordo de delação premiada. O plano deu origem ao ataque cívico de prédios públicos na Praça dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2024.

Tanto o coronel Reginaldo Vieira de Abreu quanto o general Mario Fernandes fazem parte de uma lista de 40 indiciados pela elaboração do plano de golpe de Estado. Ambos são acusados de espalhar informações falsas sobre as urnas eletrônicas, segundo o indiciamento desta quarta-feira, 11.

Outro ponto importante do militar é que em novembro de 2022, Vieira levou um hacker até a superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento com objetivo de abrir uma investigação sobre as urnas. No mesmo ano, o coronel tentou manipular o relatório das Forças Armadas sobre as eleições para infiltrar seu conteúdo aos dados falsos sobre o sistema de votação divulgados pelo argentino Fernando Cerimedo.

Vieira permaneceu em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal.

A PF segue investigando a viagem de Vieira e Fernandes para Portugal. Dada como ato suspeito, detalhes como a emissão da passagem de Vieira com seis dias de antecedência, e que ele era o único membro que não fazia parte da comitiva da Secretaria Especial de Modernização do Estado, vinculada à Secretaria-Geral estão no radar do órgão federal.

O que se sabe sobre o plano golpista?

Segundo a PF, os membros do grupo utilizavam o Signal, um aplicativo com opções de privacidade como: criptografia de ponta a ponta e mensagens autodestrutivas para dificultar o rastreamento e também organizar o atentado.

Outro passo da estratégia dos integrantes foi adotar codinomes de países participantes da Copa do Mundo, como: Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Gana e Japão. Os investigadores identificaram que o codinome "Brasil" se referia a Rodrigo Bezerra de Azevedo, que teria ajudado no rastreamento do ministro Alexandre de Moraes.

Estadão
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